Pesquisadores da Costa Rica usaram ‘ovos falsos’, produzidos em impressoras 3D e equipados com dispositivos de localização por GPS, para investigar a rota do comércio ilegal de ovos de tartarugas marinhas no país. O método, digno de uma investigação policial, forneceu pistas importantes sobre a atividade ilícita de traficantes e expôs operações em um raio de até 137 quilômetros.

A autora do estudo e cientista da Universidade de Kent, no Reino Unido, Helen Pheasey, explicou ao site ZMEScience que os ovos de tartarugas marinhas são considerados iguarias no país. Criminosos vendem as unidades para restaurantes e bares pelo preço médio de US$ 1. Cada ninho de tartarugas reúne até mais de cem ovos, o que transforma a prática ilegal em um negócio lucrativo.

A iniciativa contou com apoio da Paso Pacification, uma organização sem fins lucrativos dedicada a ações contra o comércio ilegal de ovos de tartarugas marinhas. Pheasey afirmou que a ONG já tinha protótipos dos dispositivos desenvolvidos, e que seu trabalho foi colocar os ovos falsos nos ninhos e monitorar a rota dos criminosos.

Ovos falsos foram equipados com sistema de GPS. Imagem: Helen Pheasey

Os dispositivos foram instalados em 101 ninhos em quatro praias na Costa Rica. Um quarto deles foi capturado por traficantes. Os pesquisadores rastrearam o deslocamento dos ovos e identificaram operações de venda ilegal em restaurantes próximos e também em estabelecimento a 137 quilômetros de distância das praias.

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“Provamos o conceito de que é possível fazer isso. O deslocamento mais longo foi desde a praia até o que acreditamos ser o consumidor final. Foi uma trilha de 137 quilômetros de extensão. Basicamente, o que aconteceu foi que os ovos [falsos] foram posicionados no sábado à noite. Na segunda-feira de manhã, eles começaram a se mover”, afirmou Sarah Otterstrom, diretora-executiva da Paso Pacifico.

Pheasey explica que a equipe já conhece bem os agentes envolvidos na atividade ilegal. “Nós sabemos quem são”, afirmou. A pesquisa, no entanto, não resultou em prisões. De acordo com a pesquisadora, a ideia agora é convidar mais pessoas e instituições a aderirem à iniciativa para retratar os diferentes comportamentos ilícitos em diversas regiões do Caribe.

“Mas isto é parte de uma abordagem holística do problema. O que realmente beneficiará a conservação das tartarugas marinhas é a educação, proporcionando às pessoas oportunidades, para que elas não tenham que recorrer à captura ilegal de recursos da vida selvagem, e não tenham que correr esses riscos”, ressaltou Pheasey.

Via: ZMEScience