Enquanto não há uma cura óbvia para Covid-19, nem uma vacina comprovadamente segura e eficaz, a medicina tem buscado pequenos saltos que melhorem as chances de pacientes. Agora, a Administração de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA), equivalente à brasileira Anvisa, deu a primeira aprovação a um medicamento para que seja usado especificamente no combate à doença: o remdesivir.

O medicamento já era usado para o tratamento da Covid-19 no país há alguns meses, e chegou até mesmo a ser usado para tratar Donald Trump quando ele foi diagnosticado com o coronavírus. No entanto, seu uso ainda tinha caráter emergencial. A aprovação pela FDA agora dá ao medicamento o caráter de tratamento confirmado para a doença, legitimando seu uso em hospitais.

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O remdesivir é um antiviral desenvolvido pela farmacêutica Gilead, voltado inicialmente a tratar doenças como hepatite C e o Ebola, mas sem apresentar o resultado esperado, e que foi testado para enfrentar outras doenças virais. Quando testado contra o coronavírus, ele demonstrou em alguns estudos a capacidade de reduzir o tempo de internação dos pacientes, acelerando sua recuperação, embora tenha demonstrado um resultado impacto mínimo (estatisticamente irrelevante) na mortalidade. No entanto, a redução do tempo de internação já é uma vantagem: libera o leito mais rapidamente, diminui o desconforto do paciente e ainda traz economia, já que manter um leito de UTI não é algo barato.

Outros estudos reforçaram que o medicamento não tem impacto na mortalidade. Recentemente, a OMS divulgou os resultados de ensaios clínicos enormes com vários medicamentos já existentes aplicados contra a Covid-19, entre os quais estava o remdesivir. Não foi detectado impacto significativo na taxa de sobrevivência dos pacientes.

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A Gilead nota que a aplicação do remdesivir é destinada exclusivamente ao uso hospitalar, então não é algo que alguém possa comprar em uma farmácia para tentar se automedicar, em pacientes que tenham mais de 12 anos de idade e pesem mais de 40 quilos.

Apesar da aprovação, ainda há uma série de mistérios sobre o remdesivir. Ainda não está claro qual é o momento correto de utilizá-lo, embora já esteja claro que seu uso é destinado ao ambiente hospitalar: ele deve ser aplicado na fase inicial da doença ou em etapas mais avançadas? Seu uso é recomendado para casos leves, moderados ou graves? São perguntas para as quais a resposta ainda não é clara. Sabe-se, no entanto, que o tratamento não é barato: um ciclo de seis doses, aplicadas ao longo de cinco dias, custa cerca de US$ 3.000.