Comandado pela polícia local, um projeto-piloto de vigilância por câmeras está gerando polêmica entre os moradores de Jackson, capital do estado de Mississípi, nos Estados Unidos. Por um período de 45 dias, o departamento policial vai usar câmeras Amazon Ring instaladas pelos moradores para fazer a vigilância da cidade.

As câmeras funcionam com um videoporteiro e são indicadas para que os moradores acompanhem o movimento em sua residência e reconheçam os visitantes antes de abrir as portas. 

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No entanto, a Amazon formalizou parceria com a unidade policial, que poderá ter acesso às imagens dos videoporteiros instalados, sem que os proprietários autorizem o compartilhamento.

Mesmo que um morador não permita que as imagens de sua câmera sejam usadas no projeto, nada impede que a câmera do seu vizinho esteja apontada para a sua casa, transmitindo imagens ao vivo do que acontece na sua residência.

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ReproduçãoProjetos de vigilância não têm autorização dos moradores, mas tem crescido nos estados americanos. Foto: iStock

Dados públicos indicam que a empresa já fez parceria com mais de 1.000 centrais policiais locais. Neste ritmo, segundo especialistas, em pouco tempo, as polícias terão um circuito fechado de segurança sem custos e sem consentimento da população.

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Invasão de privacidade

De acordo com os moradores, esse projeto invade a privacidade e a polícia tem aproveitado essa parceria para implantar um sistema que precisa de autorização de toda a população. Eles ainda argumentam que, desta forma, a polícia quer criar o circuito sem ter custos próprios. 

 Para o analista de políticas de vigilância, Matthew Guariglia, as polícias precisam ser mais transparentes e responsáveis na construção de redes de vigilância. Ele afirma que, acima de tudo, é preciso garantir a participação ativa da população neste processo.

“As escolhas que você e seus vizinhos fazem como consumidores não devem ser sequestradas pela polícia para implantar tecnologias de vigilância. O processo de tomada de decisão deve ser deixado para as comunidades”, comenta.

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Para esta fase de testes, a polícia montou um projeto em que as câmeras instaladas nas casas, com o objetivo de gerar segurança para as mercadorias recebidas, são conectadas diretamente ao Centro de Crimes da Polícia local. Assim, os policiais conseguem visualizar e gravar tudo o que acontece na vizinhança, 24 horas por dia.

Em resposta, a Amazon afirmou que não está envolvida com nenhuma das cidades em relação ao projeto-piloto e que as polícias e cidades não têm acesso aos sistemas Ring. “Os clientes do Ring têm controle e propriedade de seus dispositivos e vídeos e podem escolher permitir o acesso como desejarem”, disse a empresa, em comunicado. 

 

Fonte: EFF