2020 não foi um bom ano para o radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico. O instrumento, que é crucial para nossas pesquisas sobre o universo, sofreu dois acidentes de grande porte que o condenaram ao ferro-velho.

Em agosto deste ano um dos cabos que sustentam uma plataforma de instrumentos sobre a antena se rompeu, abrindo um buraco de 30 metros na gigantesca antena parabólica logo abaixo. Em novembro outro cabo se rompeu, causando dano tão severo que a Fundação Nacional para a Ciência (NSF, National Science Foundation) decidiu desativar o radiotelescópio, construído 57 anos atrás.

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Antena do radiotelescópio de Arecibo após rompimento do primeiro cabo. Note o buraco na antena parabólica. Imagem: Universidade Central da Flórida

Mas como desgraça pouca é bobagem, na madrugada desta terça-feira (1) um terceiro cabo se partiu. Com isso a plataforma de instrumentos, que pesa 900 toneladas, desabou sobre a antena de 305 metros de diâmetro do radiotelescópio.

A estrutura que a suportava já estava comprometida pelos outros dois acidentes, e os cabos remanescentes estavam se desfazendo ao ritmo de um fio por dia.

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A meteorologista Deborah Martorell postou duas fotos mostrando a localização da plataforma antes e depois do acidente.

Em um tuíte, a NSF afirma que ninguém se feriu no acidente. “Nossa prioridade é manter a segurança. Divulgaremos mais detalhes quando eles forem confirmados”, disse a agência. “A NSF está triste com este acontecimento. Estaremos procurando por formas de auxiliar a comunidade científica e manter nossa forte relação com o povo de Porto Rico”.

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Legado do radiotelescópio de Arecibo

Construído há quase 60 anos, o radiotelescópio de Arecibo foi o maior do mundo em sua categoria até 2016, quando o radiotelescópio chinês Fast entrou em operação. Um ícone da ciência, ele já estrelou filmes como “Contato” e “007 Contra Goldeneye”.

Foi dele que partiu a “mensagem de Arecibo” enviada pelo programa SETI, que busca inteligência exraterrestre. Também foi o radiotelescópio quem detectou o primeiro planeta em órbita de outra estrela, em 1994, bem como a primeira “explosão rápida de rádio” (FRB – Fast Radio Burst), fenômeno que ainda intriga os cientistas.

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Em abril deste ano ele foi usado para fotografar um imenso asteroide que passou próximo à Terra.

Fonte: Live Science