Guarde este nome: Katalin Karikó. Essa cientista húngara é hoje vice-presidente sênior do laboratório alemão BioNTech. Isso mesmo: aquele que, em parceria com a farmacêutica americana Pfizer, desenvolveu a vacina contra a covid-19 com a técnica que usa o RNA mensageiro.

Katalin pesquisa terapias com RNA mensageiro há mais de três décadas. Suas tentativas de conseguir financiamento para esses estudos foram frustradas durante anos, mas agora a tecnologia foi adotada pela Pfizer, pela BioNTech e pela Moderna na criação de vacinas contra a covid-19.

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E como essa técnica funciona? Primeiramente, a parte do RNA do novo coronavírus que corresponde à proteína spike é criada sinteticamente em laboratório. Ela será o mensageiro que vai informa a célula e estimular a produção de anticorpos. Depois, esse pedaço de RNA é inserido em um invólucro de gordura e, então, injetado no corpo humano como vacina.

A ideia é que o organismo humano crie estratégias de defesa para combater aquele corpo estranho e, com isso, desenvolva anticorpos apropriados contra a covid-19. A proteína spike é a escolhida nesse caso porque é ela que permite que o novo coronavírus entre nas nossas células.

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Se o organismo souber como lidar com ela, estará preparado para enfrentar o novo coronavírus se encontrar com ele em algum momento. É um treino mesmo para que o corpo fique mais atento.

O método do RNA mensageiro é o mais moderno atualmente e trata-se de uma plataforma que pode ser usada para criar vacinas contra qualquer microrganismo. E ela tem vantagens importantes em relação às técnicas anteriores.

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A tecnologia foi adotada pelas farmacêuticas americanas Moderna e Pfizer, que se associou ao laboratório alemão BioNTech. A fórmula da Pfizer, inclusive, foi a primeira a receber registro de uso no mundo ocidental: a substância começou a ser distribuída no Reino Unido no início de dezembro de 2020.

Aqui no Brasil, as negociações com o laboratório ainda estão em andamento. Por enquanto, não há informações sobre o uso da fórmula criada pela empresa no país. Um dos inconvenientes do imunizante é sua temperatura de armazenamento: já houve até casos de perda do material por falhas no processo de conservação.

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De forma geral, o objetivo das vacinas é sempre o mesmo independentemente da tecnologia utilizada. Elas fazem o corpo produzir anticorpos antes de ter contato com o agente infeccioso. As três técnicas que apresentamos aqui nesta série mostram como o desenvolvimento de imunizantes evoluiu ao longo do tempo até chegar às opções atuais.

Hoje, além de termos várias formas de criar vacinas, sabemos que é possível produzi-las com segurança e eficiência em períodos relativamente curtos de tempo. As etapas de testes em humanos ainda são necessárias e levam tempo, mas ter a fórmula pronta rapidamente ajuda a encurtar esse intervalo. E essa é uma das melhores notícias da ciência de todos os tempos!

Amanhã, você vê aqui quanto tempo demora para que o corpo crie anticorpos depois de receber a vacina e por que alguns pacientes apresentam reações alérgicas quando recebem a substância. Não perca!