O mundo tem mais uma vacina contra Covid-19. A Novavax anunciou nesta quinta-feira (28) os resultados da fase 3 de seus testes clínicos, realizados no Reino Unido, aferindo uma eficácia estimada em 89,3%. Chama a atenção, em especial, o fato de que essa estatística foi demonstrada em grande parte contra casos contra a variante B1.1.7, que tem assustado o mundo pela suspeita de maior transmissibilidade.

O comunicado à imprensa aponta que foram recrutados 15 mil voluntários, de idades entre 18 e 84 anos, sendo que 27% deles tinham mais de 65 anos, então uma parte significativa dos voluntários são considerados grupo de risco.

Após a primeira análise preliminar, com 62 casos sintomáticos de Covid-19 confirmados com PCR acumulados entre os voluntários, 56 deles estavam concentrados no grupo que recebeu apenas um placebo, e apenas 6 entre os que realmente receberam a vacina da Novavax

Com sequenciamento, a Novavax aponta que mais de 50% dos casos de Covid-19 entre os participantes do estudo no Reino Unido foram causados pela variante B1.1.7. Dos 62 casos listados, 32 foram causados pela cepa nova, contra 24 do vírus não-variante e 6 desconhecidos. Contra o vírus original, a eficácia calculada foi de 95,6%, contra 85,6% entre quem se contaminou com a B1.1.7

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A Novavax também conduziu testes de fase 2b, com menos participantes, na África do Sul, onde também há uma variante preocupante do vírus circulando. Segundo a empresa, a eficácia no país foi de 60%, consideravelmente menor do que observado no Reino Unido. Uma possível explicação é de que mutação sul-africana é menos suscetível à resposta imunológica produzida pela vacina.

A empresa também confirmou que está preparando uma atualização das vacinas para agir diretamente contra as novas variantes, e não apenas contra o vírus original, então é de se esperar que a nova versão pode agir melhor contra as diferentes formas do vírus em circulação.

A vacina da Novavax, chamada de NVX-CoV2373 é um pouco diferente das que já chegaram ao mercado, utilizando RNA mensageiro (Pfizer, Moderna), vetor viral (Oxford, Sputnik V) ou vírus inativado (CoronaVac, Sinopharm). A empresa aposta na aplicação direta da proteína spike, que forma os espinhos do coronavírus e permitem a ele invadir as células; ela é produzida em células de insetos e não tem chances de causar Covid-19, nem de se replicar no organismo.

Do ponto de vista da logística, a NVX-CoV237 tem a vantagem de poder ser armazenada em geladeira comum, em temperatura de 2° a 8°, o que, no caso do Brasil, permitiria sua distribuição ampla com a infraestrutura já existente.