A corrida para a compra de vacinas contra a Covid-19 mostrou ao Brasil que é preciso investir em produção científica no país. Que tal, então, construir a maior fábrica de vacinas e fármacos da América Latina? Nesta sexta-feira (5), o edital de licitação para esse centro foi publicado.

O Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde (CIBS) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) deve ser um dos laboratórios mais modernos do mundo. A expectativa é que ele permita aumentar em quatro vezes a capacidade de produção de vacinas e biofármacos para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz, o projeto é essencial para o desenvolvimento da ciência no país e o fortalecimento do SUS. “É um projeto que aponta para as necessidades que sentimos hoje, tão intensas em razão da pandemia”, destaca.

Os cientistas esperam que, com o CIBS, o Brasil tenha condição de oferecer respostas rápidas em situações de emergência sanitária. “Somos hoje o maior produtor de vacinas do Brasil e da América Latina. Esse projeto dará sustentabilidade ao Programa Nacional de Imunização (PNI)”, comenta Maurício Zuma Medeiros, diretor de Bio-Manguinhos.

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O terreno reservado para a construção do CIBS fica em Santa Cruz (RJ) e tem 580 mil m² de área. A unidade deve ter capacidade de produção superior a 600 milhões de doses anuais de vacinas e biofármacos.

Financiamento privado

O financiamento do centro será privado, pago na forma de aluguel e com reversão do patrimônio após 15 anos. A previsão de custo do projeto é de R$ 3,4 bilhões. Devem ser gerados cinco mil empregos diretos durante a obra e outros 1.500 mil para a operação da unidade quando ela estiver pronta.

Essa modalidade de financiamento é do tipo Built to Suit – quando um locador constrói uma edificação especialíssima, nos termos definidos pelo locatário. A contrapartida é o compromisso do locatário de alugar o imóvel por um prazo mínimo definido entre as partes para que o locador possa reaver seu investimento.

O edital publicado hoje busca investidores, que têm 120 dias para estudar o projeto e elaborar propostas. A expectativa é a de que a construção comece no segundo semestre de 2021 e que o CIBS fique pronto em quatro anos.

O complexo terá viés sustentável e vai usar módulos solares, reservatórios para captação de água da chuva e materiais reciclados. Até o momento, foram plantadas 30 mil árvores para formar um cinturão verde de Mata Atlântica com o objetivo de preservar a biodiversidade local.