Pesquisadores do Centro Tobias Meier para o Espaço e Habitabilidade (CSH) na Universidade de Berna, na Suíça, acreditam ter encontrado as primeiras evidências da atividade de placas tectônicas em um exoplaneta.

Descoberto em 2019, LHS 3844b fica a 45 anos-luz de nós e é um planeta principalmente rochoso, pouco maior do que a Terra. Cientistas acreditam que ele não tem uma atmosfera, o que facilita a observação de sua superfície.

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Sua órbita é tão próxima de sua estrela que ele tem rotação sincronizada, ou seja, mostra sempre o mesmo lado para ela. Com isso metade do planeta está em um “dia” eterno, com temperatura na superfície que pode ultrapassar os 800 ºC, e a outra metade em uma noite eterna, com temperatura de -250 ºC.

Modelos de computador produzidos pelo CSH sugerem que essa diferença de temperatura pode impulsionar processos geológicos no planeta, fazendo com que material do manto flua de um hemisfério para o outro.

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É normal pensar que o material mais quente no lado “diurno” é menos denso e, portanto, mais propenso a subir à superfície. Mas as simulações mostram um padrão oposto, e indicam que é o lado noturno que é cheio de vulcões.

Diagrama mostra possível fluxo de material dentro de LHS 3844b
Diagrama mostra possível fluxo de material dentro de LHS 3844b. Imagem: Universität Bern / University of Bern / Thibaut Roger

“Este resultado inicialmente contra-intuitivo é devido à mudança na viscosidade com a temperatura: o material frio é mais rígido e, portanto, não quer dobrar, quebrar ou mergulhar rumo ao interior. O material quente, no entanto, é menos viscoso – então, mesmo a rocha sólida se torna mais móvel quando aquecida – e pode fluir prontamente para o interior do planeta”, explica Dan Bower, da Universidade de Berna.

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O acúmulo de material em um lado do planeta pode levar ao vulcanismo ativo naquele hemisfério, determinaram os pesquisadores, de forma similar aos processos que impulsionam as regiões altamente vulcânicas do Havaí e da Islândia. Essas condições podem levar ao desenvolvimento de um mundo vulcânico, com um lado coberto por vulcões enquanto o outro permanece quase sem nenhum deles.

Vulcões tem um papel essencial no desenvolvimento e evolução da vida na Terra, “circulando” substâncias entre o manto e a crosta, alterando o clima ou mesmo servindo como fonte de energia e alimento para colônias de organismos vivos no fundo do mar. Da mesma forma, eles podem ter um papel similar guiando o desenvolvimento da vida em outros mundos.

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Fonte: The Next Web