A geleira Thwaites, também conhecida como a “Geleira do Juízo Final”, foi analisada por baixo pela primeira vez graças ao submarino Ran. O submersível mediu, entre outras coisas, a força, a temperatura, a salinidade e o teor de oxigênio das correntes oceânicas que passam por baixo da Thwaites. E o resultado é preocupante já que ela pode derreter mais rápido do que pesquisadores imaginavam devido a correntes quentes e salgadas do oceano que estão passando por baixo do local.

A localização e formato da geleira potencializam este problema. Thwaites fica em uma área geralmente bloqueada por espesso gelo marinho e muitos icebergs, além de estar distante de estações de pesquisa.

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De acordo com Anna Wåhlin, professora de oceanografia da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, e principal autora do novo estudo publicado na Science Advances, o nível do mar global é afetado pela quantidade de gelo existente na Terra e a maior incerteza nas previsões é a evolução futura da camada de gelo da Antártica Ocidental. “Essas foram as primeiras medições realizadas sob a geleira Thwaites”, afirmou ela.

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“Esta foi a primeira aventura de Ran nas regiões polares e sua exploração das águas sob a plataforma de gelo foi muito mais bem-sucedida do que ousamos esperar. Planejamos desenvolver essas descobertas emocionantes com novas missões sob o gelo no próximo ano”, completou Karen Heywood, professora da University of East Anglia, na Inglaterra.

Submarino Ran. Créditos: Filip Stedt
Submarino Ran. Créditos: Filip Stedt

Por que “Geleira do Juízo Final”?

Localizada na Antártica Ocidental, a Thwaites é considerada uma das mais vulneráveis aos efeitos do aquecimento. Ela tem cerca de 120 mil km², quase do mesmo tamanho do Reino Unido, e responde por 4% da elevação do nível do mar no mundo a cada ano.

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A estimativa é que o colapso da Thwaites poderia elevar o nível do mar em mais de meio metro. Somadas as demais geleiras que se agrupam com a “Geleira do Juízo Final” e assim não deslizam para o oceano, a elevação pode chegar a três metros.

“Os canais de água quente para acessar e atacar Thwaites não eram conhecidos por nós antes da pesquisa. Usando sonares no navio, aninhados com mapeamento oceânico de alta resolução do submarino Ran, pudemos descobrir que existem caminhos distintos para a água entrar e sair da cavidade da plataforma de gelo, influenciada pela geometria do fundo do oceano”, explicou o Dr. Alastair Graham, da University of Southern Florida, nos Estados Unidos.

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Geleira Thwaites. Créditos: Universidade de Gotemburgo
Geleira Thwaites. Créditos: Universidade de Gotemburgo

“Este trabalho destaca como e onde a água quente afeta a geleira Thwaites é influenciada pela forma do fundo do mar e da base da plataforma de gelo, bem como pelas propriedades da própria água. A integração bem-sucedida de novos dados de pesquisa do fundo do mar e observações das propriedades da água das missões Ran mostra os benefícios do etos multidisciplinar dentro da Colaboração Internacional Thwaites Glacier”, acrescentou o Dr. Rob Larter, do British Antarctic Survey, na Inglaterra.

“A boa notícia é que agora estamos, pela primeira vez, coletando dados necessários para modelar a dinâmica da geleira Thwaites. Esses dados nos ajudarão a calcular melhor o derretimento do gelo no futuro. Com a ajuda de novas tecnologias, podemos melhorar os modelos e reduzir a grande incerteza que agora prevalece em torno das variações globais do nível do mar”, finaliza Wåhlin.

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