A estrela Betelgeuse, localizada na constelação de Orion, está aos poucos perdendo o seu brilho, de acordo com um paper publicado no jornal Nature Communications. O estudo corrobora conclusões obtidas em pesquisas anteriores, veiculadas em junho deste ano.

Segundo uma equipe de astrônomos chineses que assina a autoria do paper, a Betelgeuse tem um “novo ponto, maior, mais frio e mais escuro”, que contribui para o resfriamento de sua temperatura e, consequentemente, a diminuição de seu brilho. Pontos similares, ainda que menores, haviam sido relatados pela comunidade astronômica no primeiro semestre.

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A estrela Betelgeuse, que segundo cientistas, perdendo gradualmente o seu brilho
A estrela Betelgeuse, localizada na constelação de Orion, vem perdendo luminosidade segundo estudos científicos. Imagem: Jurik Peter/Shutterstock

Em ambos os casos, os “pontos” são resultados de bolhas de gás ejetadas pela estrela, o que resultou na condensação de elementos mais pesados em partículas e poeira, obscurecendo a luz emitida. Em outras palavras, pense em como a fumaça preta na atmosfera ofusca a luz do sol, escurecendo a sua visão.

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A primeira redução de luz da estrela Betelgeuse foi percebida em dezembro de 2019, quando o brilho menor pôde ser percebido até mesmo a olho nu (a estrela é visível da Terra). A partir dali, astrônomos declararam queda de 35% na luminosidade já em fevereiro do ano seguinte, e a tendência de diminuição vem persistindo até hoje.

“Nosso método se baseou na medição de óxido de titânio (TiO) e cianeto molecular (CN) dentro da classificação estelar”, disse Sofya Alexeeva, pesquisadora dos Observatórios Astronômicos Nacionais da Academia Chinesa de Ciências (NAOC) e co-autora do paper. “Quanto mais fria for uma estrela, mais dessas moléculas podem se formar e sobreviver na atmosfera, e as linhas moleculares são mais fortes no espectro estelar. Em uma atmosfera mais quente, essas moléculas se desfazem mais facilmente”.

A análise apontou para uma queda considerável de temperatura generalizada, indo de 3.372,85 graus Celsius (ºC) para 3.202,85 ºC, algo que, segundo os analistas, se deu pela formação de uma ampla linha molecular dos compostos químicos já citados à frente da estrela, em seus pontos frios.

Alexeeva e equipe sugerem que essa formação estava fixada em um ponto específico, daí a impressão de “achatada” que temos da estrela Betelgeuse quando a vemos da Terra.

Segundo alguns estudiosos, esses são sinais de que a Betelgeuse possa estar entrando em fase de supernova — nome atribuído à última parte da vida de uma estrela, quando ela explode e “morre”, podendo dar lugar a uma estrela de nêutrons ou um buraco negro, dependendo da massa da estrela e seu teor de riqueza em metais, ou metalicidade.

A estrela Betelgeuse é o que os astrônomos classificam como “supergigante vermelha”. Para oferecer uma ideia comparativa, o nosso Sol deve atingir essa mesma classificação… daqui uns 5 bilhões de anos, quando ele deve crescer tanto que vai engolir a Terra. Em outras palavras, ela já está com idade avançada em relação ao nosso “astro-rei”.

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