Cientistas conseguem tirar energia de comidas jogadas no lixo

Projeto tem financiamento de três anos graças a bolsa nos EUA e vem para atender a demanda por energias renováveis
Por Rafael Arbulu, editado por André Lucena 20/09/2021 18h37, atualizada em 20/09/2021 19h04
Imagem mostra uma lata cheia de lixo
Imagem: j.chizhe/Shutterstock
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Cientistas da Virginia Tech criaram um método que consegue extrair energia sustentável de restos de comida que você joga no lixo. A ideia é criar um novo método energético justamente em um período onde vários países do mundo pedem pela ampliação na demanda de energia renovável – um dos fatores de maior preservação do meio ambiente na atualidade.

A pesquisa é financiada por uma bolsa avaliada em US$ 450 mil (R$ 2,39 bilhões), concedida pelo Departamento de Tecnologia e Ciência da Alimentação, ligado à Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida nos Estados Unidos. Os estudos de desenvolvimento devem durar até o ano de 2023.

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Imagem mostra lixo cheio de comida. Cientistas identificaram forma de extrair energia de comidas jogadas no lixo
Restos de comida, dos quais nos livramos ao jogar no lixo, podem ir de problema a solução, sendo usados em pesquisa energética pela Virginia Tech (Imagem: victoria 1/Shutterstock)

“Essa pesquisa pode ser a peça que faltava no quebra cabeças para o desenvolvimento de energia sustentável em baterias recarregáveis”, disso Haibo Huang, co-autor do estudo e professor do departamento. “A demanda por baterias reutilizáveis tem subido vertiginosamente e nós precisamos encontrar uma forma de reduzir o impacto ambiental delas”.

O estudo traz uma abordagem diferente, identificando um componente fibroso nas comidas desperdiçadas que se provou vital para ser usado como um ânodo – nome dado ao lado negativo de uma bateria:

“Esse processo de usar material agrícola carbônico desperdiçado para hospedar metais alcalinos, como lítio e sódio, é o que trará enormes avanços ao processamento do lixo e tecnologia de bateria”, disse Feng Lin, professor associado de Química na Virginia Tech, e principal cientista do projeto.

A ideia veio aos dois especialistas durante uma partida amistosa de basquete: “Nós pensamos sobre o porquê de não convertermos em energia a comida que jogamos no lixo, criando materiais de bateria considerando o quanto de lixo é produzido no mundo todo”, disse Huang. “A maioria destes desperdícios são colocados em caminhões de lixo e enviados para aterros. Nós só precisaríamos resolver a parte da bateria”.

A partir daí, foi apenas a questão de escolher os melhores ingredientes, com maior influência na bateria. Para isso, Huang alterou a composição das comidas, removendo proteínas, lipídios e minerais, avaliando como isso impactava na performance energética.

Com isso, eles descobriram que, após a remoção de alguns nutrientes, os componentes essenciais – como celulose e lignina – poderiam funcionar de forma satisfatória se passassem por um tratamento térmico.

Agora, os pesquisadores continuarão testando o “lixo que virou carbono”, com o auxílio de ferramentas de laboratório que, se tudo der certo, devem aprimorar ainda mais a capacidade energética do projeto. Passando desta fase, será a hora de analisar a viabilidade econômica de implementação desse processo em grande escala.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.