O nome é uma referência ao tardígrado, um bichinho quase microscópico que vive em meio ao musgo e pode sobreviver a calor, pressão, congelamento, desidratação, radiação e até ao vácuo do espaço. Pesquisadores que descobriram a ameaça resolveram chamar de Tardigrade o malware que parece ser exatamente isso: indestrutível.

Inicialmente, o que atingiu a empresa de biotecnologia BioBright esta ano parecia só um ataque de ransomware comum. Os criminosos exigiram resgate, mas não pareceram especialmente interessados em receber, e cessaram o contato após um breve período.

Logo, a esquipe de cibersegurança da empresa descobriu que o malware instalado pelos criminosos foi muito além de criptografar e travar computadores, como a os ransomwares fazem. Ele continuou a agir sem conexão com seus criadores.

O Tardigrade é um malware criado para atuar inicialmente por phishing, mandando e-mails e outras mensagens com links contaminados. Mas, conforme o ambiente e m que se encontra, e sem intervenção, ele pode atuar de outras formas. Entre as descobertas, ele pode se multiplicar usando de pen drives, como um vírus tradicional, ou migrando por redes interconectadas.

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Não funcionando apenas como um ransomware, criptografando máquinas, mas também é capaz de roubar senhas, instalar um backdoor, que permite a invasão por hackers, e um keylogger, que espiona as ações do usuário.

Tardigrade se metamorfoseia para enganar sistemas contra malware

Além disso, ele muda sua forma e se recompila, para evitar detecção. “Esse malware é projetado para se reconstruir diferentemente em ambientes diferentes, de forma que sua assinatura está mudando o tempo todo e é difícil de detectar”, afirmou a analista de malware da BioBright Callie Churchwell, à Wired. “Eu testei ele mais de 100 vezes e cada uma delas ele se construía de uma forma diferente e se comunicava de forma diferente. Além disso, se não é capaz de se comunicar com o servidor de comando e controle [isto é, o de seus criadores], ele tem a capacidade de ser mais autônomo e agir sozinho, o que foi completamente inesperado.”

É tanta coisa que a equipe de segurança da BioBright desconfia de algo bem maior que um ransomware por vil metal. Segundo o CEO da Empresa, Charles Fraccia, provavelmente é uma ação orquestrada por Estados. E seus suspeitos são os habituais: China e Rússia.

“Isso quase com certeza começou como espionagem, mas foi um ataque à tudo – disrupção, destruição, espionagem, todas as alternativas”, afirmou o CEO à Wired. “É de longe o malware mais sofisticado que já encontramos neste espaço. Isso é assustadoramente semelhante a outros ataques e campanhas de APT [ameaça persistente avançada] feitos por Estados-Nação mirando outras indústrias.”

O suposto ataque ransomware sem resgate foi, acreditam, só uma distração par ao que o Tardigrade poderia fazer como o malware mais completo.

Agora, por que essas indústrias se tornaram alvos. Por conta da pandemia, empresas de biotecnologia, desenvolvendo vacinas e medicamentos, se tornaram particularmente visadas. Elas são repositórios de segredos industriais que são literalmente vitais a qualquer país que não queira (ou possa) pagar bilhões a essas empresas.

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