Astrônomos detalham a maior onda de choque já vista com imagens

Ondas referem-se a impacto de grupos de galáxias ocorrido há cerca de 800 milhões de anos, que levou à formação do grupo Abell 3667
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 24/02/2022 15h33, atualizada em 25/02/2022 15h57
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(Imagem: Gasperin et al./SARAO/Divulgação)
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Um time de astrônomos liderados pelo Observatório de Hamburgo, na Alemanha, conseguiu produzir imagens bem detalhadas da maior onda de choque já descoberta no espaço. Tal onda refere-se ao impacto entre grupos de galáxias (galaxy cluster) ocorridos há 800 milhões de anos, e considerou dados coletados pelo telescópio de rádio MeerKAT, na África do Sul.

Choques de grupos de galáxias estão entre os maiores eventos do universo, e podem trazer informações importantes sobre a sua formação, por estarem na escala de bilhões de anos. O impacto em questão deu origem ao grupo de galáxias Abell 3667, que foi observado pelos cientistas.

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Ondas de choque resultantes do impacto entre grupos de galáxias correspondem aos maiores eventos do universo, e podem oferecer pistas sobre a sua formação
Ondas de choque resultantes do impacto entre grupos de galáxias correspondem aos maiores eventos do universo, e podem oferecer pistas sobre a sua formação. Imagem: Gasperin et al./SARAO/Divulgação

A explicação para isso é um pouquinho longa, mas basicamente, galáxias não estão distribuídas de forma igualitária no universo. Ao invés disso, elas meio que se juntam nesses grupos, mantendo-se próximas por meio da gravidade. Só que a mesma gravidade também atrai esses grupos entre si, invariavelmente levando-os a “baterem” uns com os outros. Isso por sua vez gera uma enorme onda de choque que viaja por um novo grupo de galáxias formado a partir do primeiro impacto.

“Ondas cósmicas de choque são cheias de surpresas e bem mais complexas do que nós pensávamos”, disse o Dr. Francesco de Gasperin, cientista associado em visita ao observatório alemão. “Essas ondas agem como aceleradores de partículas gigantescos e agitam os elétrons até quase a velocidade da luz. Quando esses elétrons cruzam um campo magnético, eles emitem uma radiação de longa projeção que pode ser observada pelos nossos radiotelescópios. As ondas de choque são entrelaçadas em um padrão detalhado de filamentos brilhantes, que vêm da localização de linhas magnéticas gigantes e das regiões onde os elétrons estão acelerados”.

Nisso entra o Abell 3667, um grupo de galáxias que está relativamente próximo da Terra. Esse grupo se formou há um bilhão de anos, mas o evento de choque ocorreu há 800 milhões de anos. Na ocasião, as ondas de choque foram propagadas a uma velocidade de 1,5 mil quilômetros por segundo (km/s), cada uma tendo cerca de 60 vezes o tamanho da Via Láctea.

Os resultados das observações foram publicados no jornal científico Astronomy & Astrophysics e, ao contrário de diversos estudos, estes foram disponibilizados gratuitamente. O PDF completo já está disponível para download (em inglês).

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

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Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital