Um pequeno asteroide chegou à nossa atmosfera e a NASA sabia

Sistema de detecção “Scout” da agência americana antecipou chegada de objeto em 11 de março, mas ele acabou desintegrado na atmosfera
Por Rafael Arbulu, editado por André Lucena 16/03/2022 12h28, atualizada em 16/03/2022 13h47
Ilustração de asteroide
Ilustração de asteroide. Créditos: Shutterstock
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Um pequeno asteroide se desintegrou na atmosfera da Terra na última sexta-feira (11), desaparecendo sobre o Mar da Noruega. Você pode não ter ficado sabendo disso, mas a NASA sabia – duas horas antes da chegada da rocha espacial, vale citar.

Isso porque a vinda do objeto foi prevista pelo sistema “Scout”, que a agência criou para fazer avaliações preditivas de objetos do espaço que venham em direção à Terra. O asteroide, chamado 2022 EB5, foi detectado por um astrônomo no Observatório Piszkéstető, na Hungria, e as informações foram enviadas ao software da NASA.

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O processo foi quase que inteiramente automatizado: quando o Scout fez a avaliação de trajetória do asteroide e concluiu que ele chegaria à atmosfera da Terra, imediatamente enviou um alerta ao Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra (“CNEOS”, na sigla em inglês), que por sua vez marcou o objeto para visualização do Escritório de Coordenação de Defesa Planetária da NASA. Este último notificou a comunidade de astrônomos independentes, pedindo atenção para a observação do 2022 EB5.

“O Scout teve apenas 14 observações em um período de 40 minutos, a partir de um observatório, quando identificou o objeto como um impactor. Nós fomos capazes de determinar localizações de possível choque, as quais inicialmente contemplaram a área entre a Groenlândia e o norte da Noruega”, disse Davide Farnocchia, engenheiro de navegação no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL-Caltech) da NASA, e que desenvolveu o Scout. “Conforme outras observações passaram a monitorar o asteroide, nossos cálculos em relação à sua trajetória ficaram mais precisos”.

De acordo com o sistema, o asteroide entraria na atmosfera da Terra pela área a sudoeste da ilha norueguesa de Jan Mayen, cerca de 470 km da costa da Groenlândia. A previsão feita pelo Scout se confirmou às 18h23 (horário de Brasília), quando o objeto chegou. De acordo com os sensores, o asteroide era bem pequeno – coisa de dois metros de diâmetro, o que faz dele uma rocha que fica incrivelmente brilhante durante sua queima na nossa atmosfera – por pouquíssimo tempo. Por essa razão, ele dificilmente seria observado diretamente por astrônomos se chegasse de surpresa.

“Pequenos asteroides como o 2022 EB5 são numerosos, e eles chegam à atmosfera da Terra frequentemente —  uma vez a cada 10 meses, mais ou menos”, disse Paul Chodas, diretor do CNEOS no JPL. “Entretanto, poucos desses asteroides foram de fato detectados no espaço e ostensivamente observados antes do impacto, simplesmente porque eles são muito escuros até as horas finais, e um telescópio teria que olhar para o ponto certo, na hora certa, no céu para que pudesse vê-lo”.

Asteroides maiores contam com monitoramento constante do Escritório de Coordenação de Defesa Planetária da NASA, tendo em vista que, devido ao seu tamanho considerável, partes dele (ou mesmo ele todo) poderiam sobreviver à queima na reentrada da atmosfera, efetivamente atingindo o solo e, dependendo de onde ele aterrissar, causar sérios danos – vide o exemplo do Meteorito de Chelyabinsk.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.