Pela primeira vez, pesquisadores mapearam nuvens de gás no espaço nas quais se acredita haver pistas sobre a evolução galáctica e a formação das estrelas nos primórdios do universo.

Usando dados do Observatório W.M. Keck, em Mauna Kea, no Havaí, a equipe desenvolveu um estudo (publicado recentemente na revista Nature) que mediu o tamanho, a massa e a densidade de nuvens de hidrogênio neutras antigas. 

Pesquisadores usaram dados do Observatório W.M. Keck para estudar um aglomerado de galáxias que age como uma lente gravitacional, ampliando e estendendo a luz de uma galáxia de fundo. Isso permitiu o desenvolvimento do primeiro mapa de nuvens gigantes de hidrogênio, também conhecidas como sistemas lyman-α amortecidos. Crédito: Observatório W.M. Keck/Adam Makarenko

De acordo com um comunicado do observatório, estima-se que essas enormes nuvens translúcidas, também conhecidas como sistemas lyman-α amortecidos (DLAs), tenham quase 11 bilhões de anos de existência, agindo como reservatórios de gás primitivo que ocuparam a maior parte do universo após o Big Bang, há 13,8 bilhões de anos, eventualmente condensando-se para formar algumas das primeiras galáxias e estrelas.

“Os DLAs são a chave para entender como as galáxias se formam no universo, mas são difíceis de observar, uma vez que as nuvens são muito difusas e não emitem nenhuma luz sozinhas”, disse Rongmon Bordoloi, autor principal do estudo e professor assistente de física na Universidade Estadual da Carolina do Norte.

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Embora a natureza translúcida dessas nuvens de gás dificulte sua observação, o gás se torna mais facilmente visível quando está na frente de algo brilhante. Assim, os pesquisadores usaram uma técnica inovadora, combinando a luz de quasares – objetos brilhantes e distantes alimentados por buracos negros um bilhão de vezes mais massivos que o Sol – e dois sistemas DLA do tamanho da Via Láctea retroiluminados por uma lente gravitacional gerada por uma galáxia distante.

“Galáxias com lentes gravitacionais referem-se a galáxias que parecem esticadas e iluminadas”, explicou Bordoloi. “Isso ocorre porque há uma estrutura gravitacionalmente massiva na frente da galáxia que dobra a luz que vem dela enquanto ela viaja em nossa direção. Então, acabamos olhando para uma versão estendida do objeto. É como usar um telescópio cósmico que aumenta a perspectiva e nos dá melhor visualização”.

O cientista está confiante de que o trabalho desenvolvido por sua equipe trará resultados surpreendentes sobre o passado do universo. “A coisa mais incrível sobre os DLAs que observamos é que eles não são únicos – eles parecem ter semelhanças na estrutura, galáxias hospedeiras foram detectadas em ambos e suas massas indicam que contêm combustível suficiente para uma próxima geração de formação estelar”, disse ele. “Com essa nova tecnologia à nossa disposição, seremos capazes de investigar mais profundamente como as estrelas se formaram no universo primitivo”.

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