Calma, os pólos magnéticos da Terra não estão se invertendo (que a gente saiba)

Novo estudo afirma que não há nenhum indício de inversão, ao contrário do que dizem conspiracionistas, mas pólos estão mais fracos
Por Rafael Arbulu, editado por André Lucena 08/06/2022 20h07, atualizada em 08/06/2022 21h08
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Imagem: Mopic/Shutterstock
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Ao contrário do que dizem os teóricos da conspiração, os pólos magnéticos da Terra não estão se invertendo. Provavelmente. Talvez. A informação vem de uma nova pesquisa publicada no Proceedings of the National Academy of Sciences, uma das mais respeitadas no meio acadêmico.

Entretanto, a mesma pesquisa confirma um “enfraquecimento localizado no campo magnético da Terra” e “uma zona particularmente fraca no Atlântico Sul” que, felizmente, não é algo incomum e cientistas observam isso com certa frequência.

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O campo magnético da Terra passa por pequenas inversões de suas correntes, mas isso está longe de ser fundamento para conspirações que dizem que isso vai acabar com a vida como a conhecemos
O campo magnético da Terra passa por pequenas inversões de suas correntes, mas isso está longe de ser fundamento para conspirações que dizem que isso vai acabar com a vida como a conhecemos (Imagem: vchal/Shutterstock)

“Nós mapeamos mudanças no campo magnético da Terra nos últimos 9 mil anos, e anomalias como a vista no Atlântico Sul provavelmente são fenômenos recorrentes, ligados a variações correspondentes na força do campo magnético planetário”, disse o Dr. Andreas Nilsson, da Universidade de Lund e autor primário do estudo.

Basicamente, quando certos tipos de rochas se assentam na superfície, elas são magnetizadas na direção apontada pelo campo magnético da Terra. Esse fato sozinho nos ajudou a revolucionar a Geologia, permitindo que nossos cientistas identificassem padrões de movimento da Terra desde tempos muito, muito antigos.

Ao mesmo tempo, essa magnetização nos ajudou a descobrir que o campo magnético da Terra mudou de direção algumas vezes, fazendo com que os pólos norte e sul “trocassem de lugar”. Não fisicamente, claro: a Antártida ainda está lá embaixo e o Ártico ainda segue lá em cima – a mudança é referente às correntes eletromagnéticas da Terra.

Essa última parte ainda é uma incógnita para nós: não sabemos como, quando ou porque isso acontece, mas isso não impede conspiracionistas de tecerem teorias de fim de mundo que tenham a ver com o assunto – a maioria diz que a vida na Terra como a conhecemos vai mudar com uma inversão total do campo magnético porque…”porque sim, confia”.

Evidentemente, vários estudos – incluindo este último do PNAS – desmentem essa ideia, mas não descartam possíveis problemas. Já é fato conhecido que satélites apresentam falhas quando passam pela região do Atlântico Sul, e isso é atribuído à anomalia mencionada pelo Dr. Nilsson.

Mais além, uma região magnética enfraquecida implica em uma exposição maior dela à radiação solar, o que nunca é bom. Mas a noção de que algo assim vai trazer o “Juízo Final da Humanidade” é extremamente exagerada.

Apesar de ser impossível prever com exatidão a ocorrência de uma corrente magnética, o Dr. Nilsson estima que elas aparecem uma vez a cada 200 mil ou 300 mil anos. Nilsson acha plausível que uma inversão ocorra “logo”, mas é impossível afirmar que ela vá causar algum dano: não sabemos se problemas surgiram da última vez que elas vieram, e eventos de extinção em massa decorrentes disso nunca foram encontrados.

De qualquer forma, qualquer ocorrência, por mais perto que seja, ainda está longe do que é viável para a humanidade ser afetada. Podemos ficar tranquilos.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.