Estranho disco estelar em espiral é encontrado no centro da Via Láctea

Objeto a 26 mil anos-luz da Terra está em uma área bastante densa de materiais que geram estrelas, e foi alvo de impacto há milhares de anos
Por Rafael Arbulu, editado por Lucas Soares 20/06/2022 11h04, atualizada em 20/06/2022 23h29
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Imagem: SHAO/Divulgação
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Astrônomos chineses identificaram um objeto fora do comum próximo ao centro da Via Láctea: anteriormente, pensaram ser uma “mini galáxia”, mas análises posteriores revelaram tratar-se de um estranho disco estelar em formato espiral, com uma estrela posicionada em suas proximidades.

De acordo com o estudo feito em cima da descoberta, o conjunto está localizado a 26 mil anos-luz de distância da Terra, e o disco sozinho tem aproximadamente 4 mil unidades astronômicas (UA) – vale lembrar que uma única unidade astronômica corresponde à distância entre a Terra e o Sol.

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De baixo para cima: a evolução da estrela intrusa há 12 mil, 8 mil, 4 mil anos e, finalmente, hoje (Imagem: SHAO/Divulgação)

Os cientistas que assinam a pesquisa afirmam, contudo, que o objeto não se move de uma maneira que justifique seu formato em espiral. Então como esse estranho disco estelar veio a nascer?

Provavelmente, posiciona o paper, esse formato se deu por um impacto com algum objeto massivo – tipo a estrela com três vezes a massa do Sol visível próxima a ele. A fim de confirmar essa possibilidade, o time usou dados de observação do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), no Chile, e criou diversos modelos analíticos de possíveis trajetórias orbitais que pudessem levar o astro o mais próximo possível do disco.

Em um cenário específico, a estrela poderia ter “dado uma ombrada” no disco há mais ou menos 12 mil anos, espalhando a poeira cósmica o suficiente para que ela assumisse essa forma mais espiralada.

“A confirmação entre os cálculos analíticos, a simulação numérica e as observações do ALMA oferecem evidência robusta de que os braços em espiral do disco são relíquias de uma passagem do objeto intruso”, disse a coautora do estudo, Lu Xing, pesquisadora associada do Observatório Astronômico de Xangai, ligado à Academia Chinesa de Ciências.

Isso não é tudo: o centro da Via Láctea é muitas e muitas vezes mais recheado de materiais de formação estelar, então os cientistas estimam que a ocorrência de colisões do tipo sejam bastante frequentes. Na prática, isso quer dizer que há uma boa chance de que esse estranho disco estelar não seja o único, e que vários outros, em vários formatos, existam na região.

O estudo completo pode ser acessado na revista Nature Astronomy.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.