Canibalismo estelar: Hubble detecta evidências de estrela devorando material de seu próprio sistema

Uma anã branca estaria absorvendo materiais rochosos e congelados, sugerindo que a água seja comum nas fronteiras de sistemas estelares
Por Rafael Arbulu, editado por Acsa Gomes 24/06/2022 13h02, atualizada em 27/06/2022 15h19
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Uma estrela foi vista pelo telescópio espacial Hubble devorando material de seu próprio sistema, em um caso raro de canibalismo estelar. De acordo com as informações divulgadas, trata-se de uma anã branca que está absorvendo material rochoso e congelado das partes mais distantes da região em que habita no espaço.

Segundo Ted Johnson, pesquisador primário de um estudo baseado na observação e estudante de graduação da Universidade da Califórnia-Los Angeles, essa ação sugere que há boas quantidades de água nas fronteiras de diversos sistemas estelares.

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Diagrama ilustrado mostra o sistema planetário onde está inserida a "G234-44": estrela anã branca está devorando materiais de cinturão localizado em sua "fronteira"
Diagrama ilustrado mostra o sistema planetário onde está inserida a “G234-44”: estrela anã branca está devorando materiais de cinturão localizado em sua “fronteira” (Imagem: NASA/ESA/Reprodução)

“Nós nunca vimos nenhum desses dois objetos agindo na acreção de uma anã branca ao mesmo tempo”, disse Johnson. “Ao estudarmos essas anãs brancas, esperamos ganhar uma compreensão melhor de sistemas planetários que ainda estão intactos”.

A estrela, classificada “G238-44”, é hoje o que o nosso Sol será no futuro: uma estrela muito parecida com a nossa, mas mais velha em idade e que já queimou todo o seu hidrogênio (o combustível das estrelas), se desfazendo se suas camadas exteriores até sobrar um resto de tamanho reduzido. Na prática, ela tem o mesmo tamanho da Terra, mas muitas vezes mais massa.

Localizada a 86 anos-luz da nossa posição, a estrela foi vista devorando material de uma região muito parecida com o nosso Cinturão de Kuiper. Como a área conta com a presença bastante densa de água, a premissa sugere que essa configuração seja comum em outros sistemas com planetas formados nele.

“A vida como a conhecemos exige [a presença de] um planeta rochoso coberto com uma variedade de elementos, como carbono, nitrogênio e oxigênio”, disse Benjamin Zuckerman, professor emérito da UCLA e co-autor da pesquisa. “As abundâncias de elementos que vemos nessa anã branca parecem ter vindo, ao mesmo tempo, de um corpo rochoso e um outro, mais volátil e rico — o primeiro exemplo que encontramos entre vários estudos de anãs brancas”.

Os detalhes da pesquisa foram publicados na página oficial do Hubble, mantida pela NASA.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Acsa Gomes
Redator(a)

Acsa Gomes é formada em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo pela FAPCOM. Chegou ao Olhar Digital em 2020, como estagiária. Atualmente, faz parte do setor de Mídias Sociais.