Uma igreja evangélica brasileira criou um templo no metaverso, onde os fiéis são convidados a participar de cultos virtuais e pagar o dízimo por QR Code.

Trata-se da Igreja Batista da Lagoinha, que criou o primeiro templo brasileiro virtual, chamado de LagoVerso. Ali, os frequentadores são incentivados a usar hashtags para propagar a palavra de Deus, confraternizar com o uso de avatares e ouvir louvores virtualmente.

A igreja foi fundada em 1952 em Belo Horizonte, é liderada pelo pastor Márcio Valadão e hoje já tem mais de 700 templos no Brasil e no exterior, incluindo agora o LagoVerso.

A Folha de S. Paulo conversou com frequentadores do culto no metaverso, que conta com pregação, canto de louvores e participação de apresentadores que pregam a propagação da palavra da igreja também no ambiente virtual.

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Para participar do culto no metaverso, é preciso o uso de um computador e de óculos de realidade virtual. Então, os fiéis precisam instalar a plataforma AltSpaceVR, para a criação de avatares, adicionar o código da atividade do dia na plataforma e entrar no metaverso, onde além da igreja em si existem diversas salas diferentes.

Este ambiente virtual seria uma réplica do prédio da Lagoinha orlando Church, templo localizado em Orlando, nos Estados Unidos. Nas paredes, é possível encontrar avisos e até QR Codes para o pagamento do dízimo.

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Culto no metaverso da Igreja Batista da Lagoinha. Imagem: Folha de S. Paulo/Divulgação

Bruno Lopes, gestor de tráfego de 34 anos de Balneário Camboriú (SC), conversou com a Folha. Ele participa dos cultos e defendeu a igreja no metaverso, negando que isto afaste os fiéis da igreja. “Pelo contrário. A entrada no metaverso vai fazer com que a gente impacte mais pessoas. Agora temos mais uma opção para ouvir a palavra de Deus”.

Outro membro da igreja também de Balneário Camboriú, Gabriel Borges, um auxiliar administrativo de 23 anos, também concordou com a chegada da igreja ao metaverso. “Foi uma experiência maravilhosa, incrível. Desde quando começou eu tenho vindo aqui”.

Ele disse que já tentou participar de outras atividades online, como jogos virtuais, mas que não se sente à vontade com algumas situações. “O pessoal fazia muita bagunça. Em alguns jogos, havia coisas que não me agradavam, que não agradavam a Deus.” Mas não é o caso do LagoVerso. “Em um lugar com pessoas cristãs, eu me sinto bem, me sinto acolhido”, afirmou ele.

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Controvérsia gospel

Apesar de os frequentadores acima concordarem com a iniciativa, outros setores do mundo gospel veem a situação com dúvida. O pastor Giba Leite fez um discurso ambíguo sobre a questão em um material publicado no YouTube da igreja.

Ele afirma que esta chegada da igreja no ambiente imersivo do metaverso é algo inevitável para a divulgação da palavra de Deus, mas destacou que existem riscos, que incluem a perda do contato com a realidade e descontentamento dos fiéis com suas próprias vidas reais.

As reações ao vídeo são amplamente negativas, com diversos comentários criticando a iniciativa por parte dos fiéis, que usaram passagens da Bíblia para apontar motivos para discordar com a entrada da igreja para o metaverso.

A Igreja Batista da Lagoinha comentou dizendo que “onde enxergam apenas um avatar, nós enxergamos vidas.” A instituição ainda disse que “a igreja precisa estar onde as pessoas estão. Estar no metaverso é atender a um chamado eterno: o de amar pessoas. Se há gente no metaverso, há motivo para que o evangelho seja anunciado”.

Fonte: Folha de S. Paulo

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