Redução de ozônio no Ártico traz anomalias climáticas no hemisfério norte

Cientistas afirmam que “afinamentos” da camada de ozônio no Pólo Norte causou calor acima do normal em vários países europeus em alguns anos
Rafael Arbulu14/07/2022 10h37
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Imagem: Yurchanka Siarhei/Shutterstock
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Apesar de menos conhecidos, os danos à camada de ozônio na região ártica também trazem diversas anomalias climáticas que permeiam todo o hemisfério norte, diz um novo estudo conduzido pelo Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, na Suíça.

De acordo com o paper, registros do afinamento da camada de ozônio no pólo norte em 2020 e em 2011 resultaram em climas excepcionalmente quentes no centro e ao norte da Europa, da Rússia e, em especial, Sibéria; ao mesmo tempo em que condições mais molhadas de meteorologia prevaleceram nas regiões mais polares.

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Alterações sazonais na espessura da camada de ozônio – sobretudo na região ártica – pode trazer anomalias climáticas severas na superfície da Terra (Imagem: Nasa/Reprodução)

A fim de descobrir se há uma relação de causa e consequência entre a redução periódica no ozônio no ártico e os climas mais incomuns no hemisfério norte, os especialistas estabeleceram dois modelos climáticos para estudo. O primeiro, contemplando apenas fatores físicos de destruição do ozônio, e outro considerando variações naturais ocorridas na estratosfera.

Em ambos os casos, os cálculos revelaram que as anomalias meteorológicas tiveram relação direta com a diminuição da presença do gás, extremamente importante para nos proteger da radiação ultravioleta advinda dos raios solares. Mais além, quando os cientistas removeram a destruição do ozônio como fator, os modelos não apresentaram qualquer anormalidade climática.

“O que nos surpreendeu, do ponto de vista científico, é que ainda que os modelos usados para a simulação sejam completamente diferentes, eles produziram resultados bastante similares”, disse o co-autor do estudo e pesquisador climático do ETH, Gabriel Chiodo.

Basicamente, a redução do ozônio no ártico pode ocorrer de duas formas – pela mão humana, no uso excessivo de aerossóis clorofluorcarbonetos (ou CFC) e o aquecimento global; ou pelo resfriamento expressivo do clima polar. Segundo Chiodo, se o tempo estiver suficientemente frio e o vórtex polar for suficientemente forte na estratosfera, o gás é destruído em partes.

Isso constitui um problema cíclico: um ar muito frio pode destruir o ozônio, impedindo-o de absorver a radiação ultravioleta que o esquentaria, fazendo-o afinar mais e ficar…mais frio, começando tudo de novo. A partir daí, observa-se as anomalias climáticas na superfície, como “invernos quentes” ou chuvas excessivas fora de temporada.

A ideia é que o estudo sirva como ponto de ancoragem para a criação de modelos climáticos mais precisos, que ajudarão a prever mudanças bruscas de temperatura. Isso é importante não apenas para o nosso dia a dia, mas para indústrias de infraestrutura de base, como a agricultura.

O paper foi publicado na revista científica Nature Geoscience.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.