Células zumbi se acumulam conforme envelhecemos, aponta estudo

Por Isabela Valukas Gusmão, editado por André Lucena 20/07/2022 15h58, atualizada em 20/07/2022 22h01
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Imagem: Lâmina histológica de células de tecido canceroso. Crédito: David A. Litman
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Um estudo recente publicado na Nature Structural and Molecular Biology, feito com células humanas renais e cutâneas, aponta que danos nos telômeros (parte final dos cromossomos) podem manter células vivas, como células zumbi, porém sem função.

Os telômeros são trechos que se repetem no final do DNA e formam uma espécie de capa protetora contra danos no material genético. A cada divisão celular (mitose) esses segmentos ficam mais curtos. Ainda não se sabe por que isso acontece.

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Portanto, naturalmente, conforme as pessoas envelhecem, mais curtos os telômeros ficam, e isso pode provocar a perda da função protetiva dessas estruturas.

Nesse caso, sem a proteção, os danos que acontecem no material genético podem desencadear mutações que levam à divisões celulares descontroladas, resultando em um câncer.

Células com telômeros muito curtos, e que não se tornam cancerosas, podem acumular danos ao longo do tempo e entrar em um estado zumbi. Elas se tornam incapazes de se dividir e iniciam um processo conhecido por “senescência celular”.

Como o corpúsculo celular se torna resistente à morte, seu acúmulo com o passar dos anos pode ter desfechos benéficos e maléficos para a saúde. Ele pode ser benéfico quando estimula a senescência de células próximas que apresentam riscos de se tornarem cancerosas. Além de atrair favorecer a atuação do sistema imunológico para limpar elementos cancerosos.

Alguns malefícios associados com a resistência à morte celular é o prejuízo da recuperação de tecidos, a partir da secreção de substâncias químicas que promovem a inflamação e o crescimento tumoral.

O que torna a célula zumbi?

O excesso de radicais livres produzidos por processos corporais normais ou pela exposição a químicos nocivos, como a poluição do ar e o fumo do tabaco, pode levar a uma condição chamada estresse oxidativo que pode acelerar o encurtamento do telômero.

Isto pode desencadear prematuramente a senescência e contribuir para doenças relacionadas com a idade, incluindo imunodeficiência, doenças cardiovasculares, doenças metabólicas e câncer.

Um dos objetivos da pesquisa era descobrir se danos causados diretamente nos telômeros são suficientes para desencadear a senescência celular e criar “células zumbi”. Para isso, as estruturas finais de células humanas cultivadas em laboratório foram isoladas.

Os pesquisadores descobriram que os danos diretos nos telômeros eram suficientes para transformar as células em zumbis, mesmo quando esses elementos protetores não eram encurtados. A razão para isto foi provavelmente o resultado de uma divisão celular perturbada do DNA que deixou os cromossomos ainda mais suscetíveis a danos ou mutações.

O tema é tão vasto, fundamental e intrigante, que outros investigadores estudam tratamentos e intervenções capazes de proteger os telômeros de danos e prevenir e a acumulação de células senescentes.

Várias pesquisas em ratos descobriram que a remoção de células zumbis pode promover um envelhecimento saudável, melhorando a função cognitiva, a massa e função muscular e a recuperação de infecções virais.

Há também estudos que investem no desenvolvimento de medicamentos ansiolíticos que podem exterminar esse tipo de célula ou evitar que elas se desenvolvam.

Via: ScienceAlert

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Isabela Gusmão é estagiária e escreve para a editoria de Ciência e Espaço. Além disso, ela é nutricionista e cursa Jornalismo, desde 2020, na Universidade Metodista de São Paulo (UMESP).

André Lucena
Ex-editor(a)

Pai de três filhos, André Lucena é o Editor-Chefe do Olhar Digital. Formado em Jornalismo e Pós-Graduado em Jornalismo Esportivo e Negócios do Esporte, ele adora jogar futebol nas horas vagas.