Foto feita pelo observatório Gemini mostra todo o espectro de luz de uma estrela

É a primeira imagem feita pelo novo instrumento do telescópio, apelidado “GHOST”, que nos ajudará a desvendar mais segredos dos astros
Rafael Arbulu21/07/2022 10h53
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This mosaic shows the two GHOST spectra of HD 222925, a remarkably bright, chemically complex star. This star is a prime example of the type of object that GHOST will investigate.  The two GHOST spectra shown here, which were produced in the same single observation, measure light from around 350 nm to around 1015 nm. Light that is ‘bluer’ than 380 nm is ultraviolet and is invisible to our eyes. Light that is ‘redder’ than around 750 nm is infrared and is also invisible to our eyes. The dark lines in the rainbow are like the fingerprints of the gasses present in the star, including hydrogen, calcium, iron and gold. See this image comparison to see the most prominent features labeled.
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O que parece ser uma cena do filme “Os Embalos de Sábado A Noite” (1987) é, na verdade, uma foto espectrográfica da estrela HD 222925, registrada pelo observatório Gemini como forma de testar um novo instrumento especificamente desenhado para analisar espectros de luz.

O instrumento em questão foi apelidado “GHOST” (sigla em inglês para “Espectrógrafo Óptico de Alta Resolução Gemini”) e, depois de passar 10 anos em construção pelo time de engenheiros do observatório, promete avançar os estudos complementares de estrelas ao analisar seus espectros luminosos e, com sorte, descobrindo todo o histórico dos astros.

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O mosaico mostra as duas imagens espectrográficas da estrela HD 222925, que está em sua fase final de vida e, consequentemente, extremamente brilhante: os feixes azuis correspondem ao espectro ultravioleta, invisível aos olhos, enquanto o outro é infravermelho
O mosaico mostra as duas imagens espectrográficas da estrela HD 222925, que está em sua fase final de vida e, consequentemente, extremamente brilhante: os feixes azuis correspondem ao espectro ultravioleta, invisível aos olhos, enquanto o outro é infravermelho (Imagem: Gemini South Observatory/Divulgação)

“Esta é uma conquista empolgante para astrônomos ao redor do mundo, que dependem do Gemini para estudar o universo a partir desse ponto excepcional no Chile”, disse Jennifer Lotz, diretora do observatório. “Assim que este instrumento da próxima geração for devidamente comissionado, ele será um componente essencial no kit mais básico dos astrônomos”.

O GHOST, instrumento em questão, está em fase primária de implementação: a imagem que você vê acima é o que especialistas chamam de “primeira luz” – na prática, apenas a primeira foto tirada por um instrumento telescópico para ver se ele funciona como deve e se faz bem o serviço. A ideia é permitir que cientistas por trás da operação do instrumento façam os ajustes iniciais.

A HD 222925 está localizada a cerca de 1470 anos-luz da Terra, e se encontra em um estágio bastante avançado de sua vida, o que significa que ela está emitindo luzes em todos os espectros, de forma bem intensa – ela está se aproximando de uma supernova, a explosão caótica que marca a “morte” de uma estrela.

Astros dessa idade normalmente são ótimos alvos de estudos espectrográficos pois a luz emitida por eles nos dá toda uma gama de informações. Por exemplo, a direção da luz pode nos dizer se a estrela está se movendo e qual trajetória, e variações no brilho luminoso podem revelar oscilações que ocorrem em seu corpo.

Mais além, o espectro de luz de uma estrela nos conta do que ela é feita e quais elementos são mais abundantes ou mais ausentes nela. O que, por sua vez, nos diz a sua idade e até a região onde ela se formou.

A imagem acima, no entanto, ainda não nos revelou nada de valor científico. Isso porque, como dissemos, trata-se apenas de uma foto de teste para garantir que o GHOST estivesse funcionando. A fase de comissionamento vem em seguida, onde o instrumento deverá cumprir uma série de objetivos de teste e ser ainda mais ajustado. Tudo correndo bem, o GHOST deve ficar pronto para seus primeiros experimentos científicos na metade de 2023.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.