Da menor das bactérias à maior de todas as galáxias, nada nem ninguém está livre da morte. Como diz a sabedoria popular: ela é a única certeza da vida. Sendo assim, até mesmo o próprio Universo terá seu fim, quando a última luz piscar e só sobrarem os pedaços frios e densos de cadáveres de estrelas.

Pelo menos, é assim que preveem os modelos cosmológicos atuais. Mas, e se eles estiverem errados? E se o Universo não morrer, e, em vez disso, entrar em colapso, reinflar, e entrar em colapso de novo, em circuitos repetitivos, como um pulmão cósmico gigante?

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E se a teoria da Grande Explosão que originou o universo, o famoso Big Bang, estiver errada e, na verdade, estejamos vivendo no intervalo entre grandes saltos eternos e cíclicos do cosmos? Crédito: Wikimedia Commons

Essa não é uma teoria amplamente aceita, mas para alguns cosmólogos, nosso Universo poderia ser apenas um em uma longa série de nascimentos, mortes e renascimentos, sem começo ou fim. Ou seja, não teria havido um Big Bang (Grande Explosão), mas um Big Bounce (Grande Salto), que se repetirá ao longo de bilhões, trilhões ou quadrilhões de anos.

Em um estudo publicado recentemente no Journal of Cosmology and Astroparticle Physics, cientistas mostraram que a última revisão da hipótese Big Bounce – que havia resolvido problemas significativos de demonstrações anteriores – ainda apresenta limitações muito grandes.

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“As pessoas propuseram ‘universos saltitantes’ para tornar o Universo infinito no passado, mas o que mostramos é que um dos mais novos tipos desses modelos não funciona”, disse o físico Will Kinney, da Universidade de Buffalo, principal autor do estudo. “Nesse novo tipo de modelo, que aborda problemas com entropia, mesmo que o Universo tenha ciclos, ele ainda tem que ter um começo”.

Atualmente, o modelo mais aceito do nosso Universo o vê emergir de um ponto de origem chamado singularidade. Cerca de 13,8 bilhões de anos atrás, o Universo como conhecemos começou a se expandir, por alguma razão. 

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Pela teoria do Big Bounce, o Universo é cíclico e não tem começou nem fim. Imagem: Samuel Velasco/Quanta Magazine

Infelizmente, segundo a agência de notícias Tasnim News, os modelos que apoiam uma explicação do “Big Bang” têm pouco a dizer sobre como seria a tal singularidade. A hipótese do Big Bounce, como alternativa, poderia acabar com a questão de uma singularidade, uma vez que um universo em colapso se recuperaria antes mesmo de chegar a um momento de quebra de modelos.

Por outro lado, um Universo infinitamente “saltitante” também deve ter uma entropia infinitamente crescente. Se o Big Bang foi apenas uma de uma série eterna de explosões, a entropia deveria, portanto, ter sido muito alta; mas, segundo os cientistas, não foi. Na verdade, se o Universo estava em alta entropia no Big Bang, ele não poderia existir como o conhecemos.

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Em 2019, a publicação de um modelo revisado apresentou uma solução para esse obstáculo significativo que havia prejudicado a hipótese por décadas. Pesquisadores descobriram que a expansão do Universo a cada ciclo dilui a entropia o suficiente para retornar o cosmos ao seu estado original antes do próximo salto.

Aquela foi uma grande descoberta, aparentemente colocando o Big Bounce de volta na mesa como um modelo cosmológico plausível. Até que Kinney e sua colega Nina Stein, também física da Universidade de Buffalo, conduziram uma série de cálculos e descobriram que um Universo cíclico não pode se estender infinitamente de volta ao passado.

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“Resumindo, mostramos que, ao resolver o problema da entropia, você cria uma situação em que o Universo tinha que ter um começo”, explicou Kinney. “Nossa prova mostra, em geral, que qualquer modelo cíclico que remova a entropia por expansão deve ter um começo”.

A equipe observa, todavia, que seu trabalho não se aplica ao modelo do Universo Cíclico proposto pelo físico Roger Penrose, chamado cosmologia cíclica conformal. De acordo com essa versão de um universo repetitivo, cada ciclo se expande infinitamente sem períodos de contração – algo extremamente complexo, que exige cada vez mais estudos comprobatórios.

“A ideia de que havia um ponto no tempo antes do qual não havia nada, nenhum tempo, nos incomoda, e queremos saber o que havia antes disso”, disse Stein. “Mas até onde podemos dizer, deve ter havido um ‘começo’. Há um ponto para o qual não há resposta para a pergunta: O que veio antes disso?”.

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