Há poucas décadas atrás, desde o fim das Missões Apollo, que levaram o homem à Lua, Nosso satélite natural, aos poucos, foi perdendo a atenção do público e praticamente só se falava da Lua na mídia quando havia um eclipse, ou nas colunas de astrologia. Mas de uns anos para cá, a Lua voltou aos noticiários e, de tempos em tempos, as pessoas se reúnem para contemplar a chamada “Superlua”. Mas o que seria exatamente uma Superlua? Podemos chamar de Superlua a Lua Cheia de agosto?

As respostas para estas questões não são tão simples porque não existe uma definição formal para o termo “Superlua”. Em todo caso, o termo é adotado para definir a Lua Cheia que ocorre próxima ao seu perigeu, o ponto da órbita lunar próximo perto da Terra. O problema é o que significa o “próximo” desta frase. Sem saber o quão perto a Lua Cheia precisa estar da Terra, não dá para cravar se esta ou aquela Lua Cheia é uma Superlua.

Até existem algumas tentativas de criar uma definição científica, completa e definitiva para o termo, mas é difícil chegar a um consenso, e talvez isso tenha algo a ver com a origem do termo.

A paternidade deste nome “Superlua” é atribuída ao astrólogo Richard Nolle, que utilizou a palavra “Superlua” pela primeira vez em 1976 para se referir à Lua Cheia que ocorre próxima ao seu perigeu. Durante muito tempo o termo foi utilizado apenas na astrologia. Na astronomia, sua utilização é recente e tem se mostrado uma boa forma de popularizar a ciência, mas muita gente ainda “torce o nariz” para o termo, por considerá-lo um nome mercadológico para “vender” a Lua Cheia no perigeu, que na prática, não tem nada de super, nem representa nenhum fenômeno de interesse científico. 

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Talvez por isso a União Astronômica Internacional (IAU) não demonstrou, até hoje, nenhum interesse em normatizar o termo. Por isso, tudo que temos são as definições informais para a Superlua.

Richard Nolle, mais tarde, estendeu o termo também para a Lua Nova. Segundo Nolle, a Lua Cheia ou Nova, seria uma Superlua se ela estivesse a pelo menos 90% de sua máxima aproximação com a Terra. Na prática, a Lua precisa estar mais próxima que 368.360 km de distância.

[ A Superlua ocorre quando a Lua chega à fase completa (cheia) ao mesmo tempo em que sua órbita elíptica faz sua aproximação máxima da Terra – ponto chamado de perigeu. O ponto mais distante é chamado de apogeu. Imagem: VectorMine – Shutterstock ]

Pela definição de Nolle, a Lua Cheia desta quinta-feira, 11 de agosto, é uma Superlua, pois a Lua estará a pouco mais de 361.000 km da Terra. Entretanto, esta não é a única definição existente. 

A Revista Sky and Telescope, prefere adotar a distância máxima de 358.884 km (223.000 milhas) e a Time and Date, 360.000 km. Ou seja, segundo essas definições, em agosto deste ano, não temos nenhuma Superlua. No meio científico, os astrônomos preferem o termo “perigeu-sizígia” ou simplesmente “Lua Cheia no Perigeu”, adotado para quando a Lua Cheia ocorre a menos de 24 horas do perigeu lunar. E neste critério, a Lua Cheia de agosto não é uma Superlua, já que ela chega à fase cheia às 22:36 desta quinta (11), 32 horas e 20 minutos após ter atingido seu perigeu.

Dessa forma, como não existe uma definição de consenso para o termo, chamar de Superlua a Lua Cheia de agosto, pode estar correto para algumas definições e errado para outras. De qualquer maneira, o importante é que sempre que a Lua Cheia ocorre próxima ao perigeu, ela aparece até 14% maior e 30% mais brilhante, quando comparada à Lua Cheia que ocorre no apogeu (ponto mais afastado da Terra). Independente da forma como a chamamos, é um excelente momento para contemplar a Lua, seja a olho nu, seja através de telescópios, mas preferencialmente, muito bem acompanhado. 

[Comparação do tamanho aparente da Lua Cheia no perigeu e no apogeu – Créditos: NASA/JPL-Caltech ]

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