Quando se trata dos povos que habitaram a Península Itálica na Antiguidade, nossas mentes costumam gravitar imediatamente e exclusivamente para os romanos, ignorando uma civilização que os antecedeu e que muito os influenciou: a dos etruscos. Recentemente, sua importância na formação da identidade romana ficou ainda mais clara graças à descoberta de uma necrópole (um cemitério milenar) etrusca do século 2 a.C. que contém diversos artefatos anteriores à conquista deste povo.

Por tratar-se de um raro exemplo de sítio arqueológico intocado por saqueadores, os arqueólogos puderam analisar uma variedade incomum de objetos enterrados junto aos corpos, de modo a compreender melhor os ritos funerários dos etruscos e os elementos de sua cultura que sobreviveram por mais de dois séculos ao jugo romano, influenciando a cultura dos dominadores.

“Estes achados nos mostram como devemos passar a falar mais de uma ‘osmose cultural e social’ em vez de uma ‘subordinação de um povo ao outro'”, afirma Alessandro Sebastiani, professor-assistente de estudos clássicos da Universidade de Buffalo e um dos responsáveis pela escavação. “Era uma relação interessante e sofisticada, através da qual as comunidades etruscas sobreviveram e se adaptaram ao mundo romano.”

A descoberta

Anos atrás, um projeto de construção revelou traços de um assentamento humano antigo. A descoberta ficou esquecida por um tempo, até que o proprietário da terra, um arqueólogo amador, entrou em contato com Sebastiani para entender o que poderia ser feito no local.

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A propriedade fica em uma parte da Toscânia, Itália, onde até então não se tinha conhecimento da presença de etruscos. A escavação provou o contrário, trazendo à luz um santuário e um vilarejo pertencentes a este povo e, posteriormente, aos romanos.

Artefatos anteriores aos romanos

Os objetos encontrados no complexo funerário incluem cerâmica fina, brincos e coroas de ouro, anéis de bronze com a imagem de Hércules e uma série de utensílios de higiene feitos de ferro.

Peças de cerâmica etruscas encontradas no sítio arqueológico | Crédito: IMPERO Project.

Uma análise das sementes e outros materiais orgânicos encontrados no local está ajudando a reconstruir o cenário ancestral e o ambiente ao redor do sítio arqueológico. Além disso, estudos de DNA dos restos esqueléticos recuperados durante a escavação estão sendo conduzidos em parceria com a Universidade de Siena.

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“O projeto está providenciando novas peças para este complexo quebra-cabeças de assentamentos históricos durante o período da conquista romana, esclarecendo também aspectos da transição do sistema político republicano para o imperial, do final da Antiguidade e da ascensão das sociedades medievais.”

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