Setembro é o mês de conscientização da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), doença que pode influenciar diretamente na fertilidade feminina. Silenciosa, a condição acomete dois milhões de mulheres brasileiras, segundo dados da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, e é considerada uma das desordens mais comuns na idade reprodutiva.
Também conhecida como Síndrome de Stein-Leventhal, a SOP foi descrita pela primeira vez em 1935 pelos ginecologistas americanos Irving F. Stein e Michael L. Leventhal e, mesmo após 87 anos dos primeiros casos relatados, a causa da doença ainda é desconhecida. Atualmente, estima-se que 70% dos casos de SOP não são diagnosticados propriamente.

O que é a SOP e o que ela causa?
A SOP é um distúrbio hormonal (um desequilíbrio) que causa um aumento no tamanho dos ovários, com pequenos cistos na parte externa deles – e que podem aumentar de tamanho. De acordo com o médico especialista em reprodução humana Dr. Marcelo Cavalcante, ela pode desencadear uma alteração na ovulação, que é considerada a principal causa da infertilidade feminina.
“Desde 2003, o critério de Rotterdam é largamente utilizado para definir SOP, que preconiza, pelo menos, os seguintes achados: oligo-amenorreia (alteração menstrual devido à falta de ovulação), hiperandrogenismo (aumento na quantidade de pelos no corpo) clínico e/ou laboratorial e presença de múltiplos cistos ovarianos visualizados na ultrassonografia transvaginal. A alteração na ovulação desencadeada pela SOP é considerada a principal causa de infertilidade feminina”, explica o médico.
A doença também pode ter relação com alterações metabólicas como presença de acne, queda de cabelo, aumento de pelos, obesidade, depressão, ansiedade, distúrbios do sono, doenças autoimunes, e complicações durante a gravidez e o parto (por exemplo, aborto, pré-eclâmpsia e maior taxa de cesariana).
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Estudos recentes também revelam algumas estatísticas preocupantes: metade das mulheres com SOP desenvolvem diabetes mellitus tipo 2 antes dos 40 anos de idade. A síndrome também eleva em três vezes o risco de câncer de endométrio e em até 40% o risco da mulher desenvolver hipertensão arterial.
Quais são os sinais da SOP?
Entre os sintomas mais comuns estão: ciclo menstrual irregular; pelos em excesso na face ou rosto; cabelo ralo ou queda; problemas de pele como acne e oleosidade; ganho de peso, dificuldade para engravidar; e depressão e ansiedade.
Os sintomas podem, inclusive, aparecer já a partir da primeira menstruação – o que leva algumas mulheres a acreditar que o ciclo irregular ou sintomas são normais. Em outros casos os sinais podem ser notáveis apenas com o tempo. De qualquer forma, a visita ao médico, com ou sem sintomas, é importante e necessária para a saúde da mulher.
Alguns outros estudos também já demonstraram que mulheres com SOP geralmente têm outras pessoas na família com a condição, o que indica que a doença pode ser genética, ou seja, passada de mãe para filha. Se você tiver casos de mulheres na família com SOP é mais um motivo para visitar o médico periodicamente.
Posso engravidar mesmo tendo SOP?
Embora a doença seja conhecida por causar infertilidade devido aos problemas na ovulação, sim, mulheres diagnosticadas com ovários policísticos podem engravidar, contudo, é necessário realizar um tratamento e ter um acompanhamento médico. Vale destacar que a síndrome pode aumentar o risco de aborto espontâneo devido razões metabólicas-hormonais, o que reforça a necessidade do auxílio médico.

Qual tratamento para SOP?
Independentemente do desejo de engravidar, o tratamento da SOP deve ter uma abordagem multiprofissional e ter como base a mudança no estilo de vida (controle da dieta e atividade física). A necessidade do uso de hormônios, sensibilizadores da insulina e tratamentos farmacológicos, como o uso de anticoncepcionais, deve ser avaliada por equipe médica.
“Em casos mais complexos, a cirurgia ovariana pode ser indicada. Feita por laparoscopia, os folículos são drenados com uma pequena agulha para ajudar a estimular a ovulação. Porém, a cirurgia só é realizada apenas se o tratamento médico falhar, pois há uma chance dos ovários serem danificados se o procedimento não for feito corretamente. A SOP é considerada uma doença crônica, que necessita de constante acompanhamento”, concluiu o especialista.
Vale pontuar, mais uma vez, que a doença não possui uma causa específica e tem etiologia desconhecida, sendo considerado desde fatores genéticos até ambientais no processo de desenvolvimento. A SOP não tem cura, mas pode ser tratada e controlada.
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