Os cientistas deram mais um passo na busca por água em Marte. Uma exame revelou novas evidências da possível existência de água líquida sob a calota polar sul do planeta. A pesquisa liderada por integrantes da Universidade de Cambridge foi feita a partir de medidas da superfície do bloco de gelo, cujo objetivo era identificar padrões sutis em sua altura.

Os padrões encontrados correspondem às previsões do modelo de computador de como um corpo de água sob a calota de gelo afetaria a superfície. Esse resultado, publicado na Nature Astronomy, vai ao encontro das medições anteriores, interpretadas para mostrar uma área potencial de água líquida sob o gelo.

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Alguns debates surgiram a respeito dos dados, pois há quem considere que eles não representam um sinal de radar que indica água líquida. Segundo o professor Neil Arnold, do Instituto de Pesquisa Polar Scott de Cambridge, que liderou a pesquisa, “a combinação da nova evidência topográfica, os resultados do nosso modelo de computador e os dados do radar tornam muito mais provável que pelo menos uma área de água líquida subglacial exista em Marte hoje, e que Marte ainda deve ser geotermicamente ativo para manter a água sob o líquido da calota de gelo”.

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Assim como acontece na Terra, Marte também apresenta camadas de gelo em seus polos. Outra similaridade está no volume de gelo acumulado, que é equivalente ao manto de gelo da Groenlândia. Porém, ao contrário das camadas de gelo da Terra, que estão submersas e envolvidas por canais cheios de água e até mesmo por grandes lagos subglaciais, as calotas polares em Marte até recentemente eram consideradas solidamente congeladas por conta do frio marciano.

Novas evidências da presença de gelo em Marte

Novas evidências surgidas em 2018 desafiaram essa suposição. O satélite enviado pela Agência Espacial Europeia (ESA), para sondar o planeta vermelho, revelou que uma área na base do gelo refletia fortemente o sinal do radar. Essa área foi interpretada como uma região de água líquida sob a calota de gelo.

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Dadas as condições climáticas frias, a água líquida sob a calota de gelo exigiria uma fonte de calor adicional, como o calor geotérmico vindo de dentro do planeta, em níveis acima dos esperados para Marte nos dias de hoje. Sendo assim, essa hipótese ficou à espera de uma outra linha de evidência independente.

Sendo assim, a equipe desse novo estudo passou a utilizar uma série de técnicas para examinar os dados do satélite Mars Global Surveyor, da NASA, que investigaram a topografia superficial da parte da calota polar sul de Marte, onde o sinal de radar foi identificado.

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Simulações computadorizadas

Os pesquisadores executaram simulações de modelo de computador de fluxo de gelo, adaptados às condições específicas do planeta. Foram aplicadas variações na quantidade de calor geotérmico vindo de dentro do planeta para se aproximar da evidência obtida anteriormente. Com isso, os experimentos geraram ondulações semelhantes em tamanho e forma às que a equipe observou na superfície de uma calota de gelo real.

Essa descoberta é um grande avanço nas pesquisas sobre a história de Marte. “A qualidade dos dados de satélites orbitais, bem como dos landers, é tal que podemos usá-los para responder perguntas realmente difíceis sobre as condições, e mesmo sob a superfície do planeta, usando as mesmas técnicas que também usamos na Terra”, disse Arnold.

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