Diante de um cenário de alta perda de densidade de espécies nativas de árvores, na área metropolitana das grandes cidades dos Estados Unidos, a Universidade de Yale a partir de uma análise verificou que os resíduos secos das árvores urbanas e resíduos humanos poderiam ser reutilizados para cultivar novas árvores, reduzir a exploração madeireira e as emissões de carbono.
Essa é uma alternativa potencialmente grande, pois as cidades dos EUA geram mais de 45 milhões de toneladas de resíduos de árvores a cada ano. Estimativas recentes do Serviço Florestal do Departamento de Agricultura do país indicam que uma em cada seis espécies nativas corre o risco de ser extinta, devido a ameaças crescentes.
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Espécies invasoras, doenças, mudanças climáticas, exploração madeireira e incêndios florestais são as principais causas da derrubada de vegetação nativa. Essa perda se torna um grande problema, já que integram uma parte crítica da infraestrutura verde das cidades. Sem o efeito de resfriamento gerado pelas folhagens, o concreto e o asfalto podem se transformar em uma ilha urbana de calor mortal.
Além disso, as árvores atuam positivamente no controle do aquecimento global, pois sequestram gás carbônico, um dos responsáveis pela acentuação do efeito estufa. O gerente de programa de silvicultura urbana da Fundação Dia da Árvore, Pete Smith, declarou ao portal Wired que “esta não é uma ideia nova, apenas precisa de dinheiro e força de vontade dos funcionários da cidade para ser mais sustentável”.
Os pesquisadores do Centro de Ecologia Industrial de Yale calcularam que a conversão de resíduos em composto pode ser ambientalmente benéfico em vários níveis. Segundo os autores do estudo, “esses produtos podem ser substitutos de materiais virgens, como fertilizantes, e, assim, reduzir impactos ambientais associados”.
Um dos produtos criados através da reciclagem — o composto — pode então ser redirecionado especificamente para o problema da perda de árvores urbanas. Para árvores, adubo imitam o chão da floresta e ajudam o solo ao redor de suas raízes a reter água e nutrientes, o que é crítico em ambientes urbanos onde as árvores podem ser expostas a condições de crescimento mais quentes, secas e estressantes. Resíduos de árvores não são os únicos produtos indesejados que podem ser utilizados para este fim. Uma alternativa possível para suprir as árvores de nutrientes é a reciclagem das fezes.
Estações de tratamento de águas residuais já estão se empenhando em formas seguras de utilizar biosólidos reciclados (fezes e outras matérias orgânicas), que passam por estações de tratamento de água e muitas vezes acabam em aterros sanitários ou incineradores.
Projetos de recuperação de árvores são postos em prática
A DC Water, que fornece serviços de água e esgoto para Washington DC, capital dos EUA, é um exemplo de empresa que está desenvolvendo um produto chamado Bloom, que tenta imitar os solos naturais ricos em nutrientes. A companhia espera vender cerca de 60.000 toneladas para agricultores, paisagistas e outros clientes apenas em 2022. Segundo o diretor de recupração de recursos da DC Water, Chris Peot, “o objetivo é mudar a mentalidade em torno do lixo humano”, pois ela “não é um passivo; é um ativo”.
Em Austin, no Texas, biosólidos são utilizado em quintais da cidade e depois curados por vários meses para criar um produto de solo chamado Dillo Dirt. Esse é um produto que a cidade vem fazendo há décadas e, dentre as suas muitas aplicações, está sendo usado para ajudar o plantio e manutenção de árvores. A cidade conseguiu aumentar, desde 2006, cerca de 20% da sua cobertura vegetal.
Pesquisas recentes sugerem que o efeito de resfriamento que o uso desses materiais pode causar salvará vidas, principalmente graças a capacidade das árvores de temperar o rápido aumento das temperaturas da superfície urbana.
É claro que a reciclagem de árvores e resíduos humanos não é suficiente para promover o aumento das árvores nas cidades. Outras medidas de conservação, principalmente, precisam ser tomadas. Entretanto, a reciclagem pode ser muito útil para ajudar a diminuir o declínio na cobertura de árvores urbanas.
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