Após o grande sucesso que foi “Dahmer: Um Canibal Americano”, outros conteúdos do gênero true crime (de crimes reais) começaram a se destacar na Netflix, exemplo disso foi o aumento de acessos em “Conversando com um serial killer: o Palhaço Assassino”, série documental citada em “Dahmer” que conta a história de John Wayne Gacy. Pensando nessa tendência, viemos revelar a existência de mais uma dessas produções no streaming: “Monstros Interiores: As 24 personalidades de Billy Milligan”, documentário que expõe a verdadeira face (ou faces) do homem que inspirou o filme “Fragmentado”, de 2016. 

Claro que, antes de tudo, é importante explicar que “Fragmentado” faz parte de uma trilogia chamada de Eastrail 177 – o nome tem total relação com o primeiro filme, mais especificamente com um trem –, sendo o segundo a ser lançado na saga. Além dele, há “Corpo Fechado”, lançado em 2000, e “Vidro”, que chegou aos cinemas em 2019.  

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Todos foram dirigidos pelo famoso M. Night Shyamalan, cineasta responsável pelo roteiro de “O Sexto Sentido”, de 1999, filme aclamado pela crítica da época. 

James McAvoy em “Fragmentado” (2016), Imagem: © 2016 – Universal Pictures/Cena filme

Com elenco de peso, a trilogia Eastrail traz como personagens principais Bruce Willis, James McAvoy e Samuel L. Jackson, cada um sendo protagonista em cada um dos filmes. As produções são inspiradas em diversos mundos, desde o real ao fictício (mais especificamente histórias em quadrinhos), mas há um em especial que ganha toda a nossa atenção por, embora ser baseado na realidade, parece inacreditável e impossível de compreender: sim, estamos falando das 23 personalidades de Kevin (McAvoy). 

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“Fragmentado” foi inspirado em quem? 

Billy Milligan é o nome dele e, para quem não sabia, a Netflix também possui uma série documental lançada em 2021 que conta e mostra em detalhes a trajetória do criminoso (vou explicar por que “criminoso”), o desenvolvimento das personalidades e a complexidade que o tribunal enfrentou em seus processos, além da pressão popular devido a dimensão que o caso tomou. 

No fim dos anos 1970, Milligan foi responsável por três estupros no campus da Ohio State University, além de ter cometido vários outros crimes, como assalto à mão armada e sequestro. Intitulada “As 24 personalidades de Billy Milligan”, a minissérie – vale destacar que o conteúdo é documental, um pouco diferente do estilo apresentado na série “Dahmer”, com atores – apresenta relatos emocionantes de parentes, entrevistas, vídeos reais enquanto ele ainda era réu e, o mais chocante, as primeiras conversas da Dra. Dorothy Turner com ele. A produção apresenta vários personagens, incluindo a passagem de muitos médicos, psicólogos e psiquiatras na vida de Milligan.

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Turner, especialista em testes de rorschach, foi quem prestou os primeiros atendimentos ao Billy e percebeu que havia algo psicologicamente errado. A Dra. Cornélia B. Wilbur, também psiquiatra e muito citada no documentário, é a profissional que continua o tratamento, sendo ela, na época, uma das mais famosas na área e com domínio no assunto de transtorno dissociativo de identidade – anteriormente conhecido como transtorno de personalidade múltipla. O documentário também mostra vídeos de Wilbur questionando as personalidades de Milligan. 

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Vale pontuar que nos anos 1970 pouco se sabia ou compreendia sobre transtornos de personalidade. Um dos conteúdos que jogou lenha nessa fogueira de conhecimento e complexidade foi o livro As Três Faces de Eva, lançado em 1941, mas com um boom em 1957, quando um filme foi lançado. Depois disso, tivemos Sybil, outro livro que também virou filme em 1976: obra que foi, inclusive, escrita em conjunto pela escritora Flora Rheta Schreiber e a Dra. Wilbur. 

Após o diagnóstico, o debate: Milligan afirmava que não se lembrava de ter cometido os crimes, psiquiatras constaram que ele vivia, desde a infância, sob um tipo de coma psicológico enquanto outras personalidades assumiam. Assim, essas faces é que seriam as responsáveis pelos crimes, e mais: uma personalidade específica teria realizado o estupro e outras o assalto e o sequestro.  

Confira abaixo o trailer:

Quem é o culpado? Ele era insano? Estava fingindo? Enquanto alguns especialistas apontavam para um criminoso manipulador, esperto e digno de um Oscar pela atuação, outros tentavam provar sua instabilidade psíquica e como ele era, na realidade, uma vítima de sua mente fragmentada devido a traumas da infância – além de pontuarem que ninguém seria capaz de encenar por tanto tempo. No meio disso tudo ocorria a divulgação massiva da mídia e alguns conflitos de interesses, burocráticos e pessoais que alcançaram o meio jurídico, resultando até na criação da Lei de Milligan. Complexo, não? 

Haviam personalidades com sotaques e, a cada mudança de perfil, ele também alterava seu jeito de andar, falar, se portar. Às vezes se parecia com uma criança e em outras dizia ser uma mulher (assim como ocorre no filme “Fragmentado”), existia também um homem de olhar medonho e com falas fluidas e intelectuais, o que destoava muito dos outros comportamentos.

Embora o caso seja muito conhecido por alguns e, por ser real, os spoilers já estejam há anos nos livros, jornais e internet, vou me limitar a dizer que, até hoje, há discussões sobre ser ou não uma farsa as mudanças de personalidades de Milligan.

O americano morreu aos 59 anos, em 2014, vítima de um câncer, mas seu caso ainda é muito utilizado para fins de estudo, tanto jurídicos quanto psicológicos. Com apenas 4 episódios de 1 hora cada, “As 24 Personalidades de Billy Milligan” é o tipo de produção que, para quem gostou de “Dahmer” ou costuma consumir documentários do tipo, pode ser interessante. 

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