As remessas globais de smartphones diminuíram 9% no período de julho a setembro de 2022, quando comparado ao mesmo período do ano passado. As informações vêm do levantamento realizado pela Canalys, empresa especialista em análise de mercado tecnológico.

A análise revela que esse é o pior terceiro semestre desde 2014, e a expectativa é que a queda das remessas continue por mais nove meses.

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As principais razões para a diminuição nas compras de smartphones podem ser explicadas pelo aumento global de preços de energia e das taxas de juros. A desaceleração econômica da China e os efeitos da Covid-19 ao redor do mundo também são aspectos que afetaram fortemente as vendas de smartphones.

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Samsung e Apple foram as únicas fornecedoras que mantiveram uma marca positiva. A Samsung manteve sua posição na liderança com uma participação de mercado em 22%. Já a Apple conseguiu aumentar sua participação nas vendas para 18%. 

Gráfico com percentual de vendas por trimestre das fornecedoras analisadas pelo levantamento. (Imagem: Repodução/ Canalys)

No último trimestre, encerrado em setembro, Xiaomi manteve o mesmo percentual nas vendas de celulares. Já a Oppo e Vivo tiveram leves quedas em relação ao terceiro trimestre de 2021.

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(Imagem: Reprodução/ Canalys)

“Como a demanda não mostra sinais de melhora no quarto trimestre e no primeiro semestre de 2023, os fornecedores precisam trabalhar em uma previsão de produção prudente com a cadeia de suprimentos enquanto trabalham em estreita colaboração com o canal para estabilizar a participação de mercado”, disse Sanyam Chaurasia, analista da Canalys.

Chaurasia justificou as quedas devido aos consumidores que tem esperado cada vez mais por “grandes descontos, promoções e reduções significativas de preços de geração mais antiga”.

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Reflexo do cenário global, o Brasil também registra declínio nas vendas de smartphones

De acordo com o IDC Brasil Mobile Phone Tracker Q1/2022, nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2022 foram vendidos 11.179.404 aparelhos, esse valor representa uma queda de 5,8% em relação ao primeiro trimestre de 2021. No levantamento da IDC Brasil referente ao segundo trimestre foram registrados 11.379.327 de aparelhos vendidos no Brasil, o que representa uma alta de 3,1% em relação ao mesmo período do ano passado.

Reinaldo Sakis, gerente de Pesquisa e Consultoria de Consumer Devices da IDC Brasil, relatou em entrevista ao Olhar Digital que o levantamento do terceiro trimestre realizado pela IDC ainda não foi finalizado e deve ser divulgado apenas em meados de novembro. Mas alguns highlights já publicados pela empresa indicam que o Brasil seguirá o cenário mundial não só no terceiro, mas no quarto trimestre de 2022.

“A percepção é similar não só para o terceiro trimeste, mas o quarto trimestre também deve ser bastante desafiador para o mercado.” diz o Sakis. “As expectativas são de um número mais conservador para o terceiro trimestre, mas ele ainda não está fechado. E em decorrência do ‘sell-out’ – a venda varejista para o usuário final – que também declinou. Se o usuário não compra tanto do varejo, o varejo não compra grandes quantidades de aparelhos dos fabricantes.”

Mundialmente as remessas de smartphones é prejudicada principalmente pela inflação, impulsionada pela guerra na Ucrânia. Para Sakis, os problemas internos do Brasil prejudicam ainda mais as vendas de aparelhos que as questões econômicas internacionais, como as preocupações com o governo, a renda do consumidor e as dificuldades com as grandes varejistas.

“Os problemas internos do Brasil são até mais emblemáticos e atrapalham mais as vendas do que os problemas externos. Por exemplo, a preocupação com relação ao futuro, com renda do consumidor, as incertezas com o governo e a inflação que está atrapalhando demais. Junto disso, estão os problemas e restrições financeiras que os comerciantes das grandes redes varejistas têm passado. Ao olhar os balanços, as ações dos varejistas têm sofrido, eles buscam diminuir o custo dos estoques e também reduzir o número de parcelas e minimizar os impactos de um financiamento, entre outras questões. Somando a inflação maior, com juros mais altos e uma diminuição do número de parcelas que o varejo oferece, é possível entender essa diminuição nas vendas para usuário pessoa física.”

Atualmente as marcas de smartphones lançam cada vez mais modelos em um curto período de tempo. Por ano, há uma enxurrada de novos aparelhos que muitas vezes contam com poucos avanços em relação ao modelo anterior. Sakis vê essa abundância de lançamentos como uma estratégia específica que muitas vezes pode fazer com que o usuário fique perdido com os avanços tecnológicos dos celulares.

“Não é questão de de esconder alguma coisa do cliente, mas dar a devida atenção às ‘features’, ao que está acontecendo de melhor nos dispositivos e não que necessariamente ele (fabricante) fale: ‘o primeiro modelo desse celular era com essa tela. O modelo dois era desse jeito, o modelo três está dessa outra forma’. Nessa evolução natural de modelos por numeração. Eu poderia ter uma referência de preço, fazer um comparativo. Só que à medida que mais produtos são lançados – e cada um deles para um nicho específico -, o usuário não tem tanta referência e ele acredita mais na informação da ação de marketing. Essa é uma estratégia para vender mais e melhor, mas é uma tática voltada, cada vez mais, para o nicho específico. Isso tem dado resultado para as fabricantes, mas não é algo que tem sido bem elaborado.”

Com informações de Bloomberg

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