As consequências ambientais da Segunda Guerra Mundial repercutem ainda hoje no mundo. Uma delas está associada ao naufrágio do navio alemão V-1302 John Mahn, localizado no fundo do Mar do Norte, na Bélgica, que está vazando compostos poluentes e contaminando o local.

A embarcação tem 48 metros de comprimento e começou sua vida como um navio de pesca. Porém, durante a Segunda Guerra Mundial, a Kriegsmarine nazista requisitou o modelo para fins militares, o barco passou a ser utilizado como instrumento de patrulha.

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Em fevereiro de 1942, um esquadrão de seis aviões da Força Aérea Real Britânica atacou o V-1302 com duas bombas, e ele afundou. Entretanto, em situações como essa, não é apenas a fuselagem que fica dentro do mar, junto da embarcação estavam lojas de carvão, munições e outros produtos químicos.

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O barco deixou de ser uma ameaça nazista para se tornar uma ameaça ambiental. Segundo novas pesquisas, o navio tem vazado diversos metais pesados para o Mar do Norte desde que foi submerso. E isso, por sua vez, alterou o ambiente circundante, inclusive o ecossistema microbiano.

Projeto identifica navios naufragados no Mar do Norte

Esse levantamento foi feito pelo projeto Naufrágios do Mar do Norte, que visa auxiliar na identificação e mitigação de naufrágios e seus impactos ambientais na região. Em um comunicado emitido para a imprensa, o doutorando Josefien Van Landuyt, que também é um dos autores do artigo, declarou que o maior interesse com essa pesquisa é compreender como velhos naufrágios ainda estavam moldando comunidades microbianas locais.

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Em geral, os navios carregam e são constituídos de uma série de produtos químicos e materiais que podem impactar os ecossistemas marinhos, como: redes fantasmas, tintas, propano, baterias, óleo do motor, produtos de limpeza e até esgoto. Para descobrir qual era o impacto do navio nazista, foi coletada uma amostra do seu casco de aço e de sedimentos em distâncias variadas ao seu redor (de 0 a 80 metros).

Metais pesados e componentes de explosivos

Nas amostras, os pesquisadores encontraram vários metais pesados como níquel e cobre, além de produtos químicos chamados hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), que são encontrados em vários compostos como explosivos. Arsênico, carvão e gasolina também foram detectados na amostrra. Os metais pesados e os PAHs apareceram em concentrações maiores no perímetro mais próximo do próprio naufrágio.

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Cabe destacar que a presença do naufrágio no local estimulou um aumento na concetração de micróbios como Rhodobacteraceae e Chromatiaceae que são conhecidos por degradar PAHs. Ainda não está claro como essas mudanças microbianas e ambientais estão afetando o ambiente circundante. No entanto, altas concentrações de cobre podem ser tóxicas para a vida marinha.

Metais pesados no mar podem entrar na cadeia alimentar marinha e chegar aos humanos. Através do processo, chamado bioacumulação, os metais pesados aumentam a cada nível trófico. Isso sem considerar os danos ambientais físicos que o naufrágio causou, quando afundou.

Estima-se que há cerca de 50.000 navios naufragados no Mar do Norte. De acordo com Van Landuyt, “o avanço da idade [dessas embarcações no mar] pode aumentar o risco ambiental devido à corrosão, que está abrindo espaços previamente fechados. Como tal, seu impacto ambiental ainda está evoluindo”.

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