Independentemente do posicionamento, as eleições de 2022 está afetando todo o povo brasileiro, que já vive há alguns anos em um ambiente bem polarizado. Se por um lado a movimentação é interessante no que diz respeito a estudos sobre sociedade, já que temas políticos estão, hoje, mais presentes do que nunca na boca do povo, por outro, as mudanças revisitam ideologias que atingem o centro das relações sociais e familiares, causando estresse, angústia, ansiedade e tantos outros níveis de desgaste emocional.
Os ânimos estão ainda mais à flor da pele nesta última semana, quando chegamos na reta final — o que provavelmente seguirá (e aumentará) “o clima tenso entre os brothers”, já que no domingo (30) acontecem oficialmente as eleições do segundo turno para presidente e governador, definindo enfim os chefes de Estado. E como lidar com a saúde mental até o fim dessa eleição?
Leia mais!
- Tuberculose: mortes voltam a subir após quase 20 anos em queda
- Dia Mundial do AVC: como identificar os sinais?
- Qual DIU é melhor? Confira as vantagens e desvantagens de cada tipo
Segundo o médico psiquiatra Higor Caldato, há orientações que podem ajudar, seja no âmbito familiar, de amigos ou das redes sociais. Confira abaixo algumas medidas para conseguir passar ileso por este período.
Confira 12 dicas para manter a saúde mental nas eleições 2022
- Não se isole numa bolha – Não adianta dar unfollow em todos os que pensam diferente de você. Isso vai te deixar vivendo em uma bolha descolada da realidade, que é plural;
- Unfollow terapêutico – Tente não ficar preso a uma bolha, mas vale deixar de seguir perfis, páginas e pessoas que compartilham fake news e mensagens de ódio e que te botam para baixo. Não ler comentários de desconhecidos também é uma boa medida, que te blinda inclusive de posts invadidos por robôs;
- Tente manter a tolerância nas relações pessoais – Não seguir pessoas e páginas que publicam posts que te fazem mal é uma coisa, mas cortar parentes e amigos da vida é diferente. O ideal é buscar outros assuntos em comum. Não adianta diminuir o convívio durante esse período. Cortar relações deve ser o último recurso;
- Evite o excesso de informações e fake news sobre as eleições – Escolha fontes jornalísticas de confiança;
- Atualize-se apenas uma vez por dia – Escolha um horário para ler as notícias do dia, saber se houve alguma nova pesquisa de intenção de voto, alguma nova declaração ou fato novo. De preferência, não o faça na hora de dormir, para não perder o sono;
- Mude o foco – Nos outros momentos do dia, leia sobre outros temas, veja programa sobre outros assuntos;
- Pratique atividades que sejam terapêuticas para você – Caminhar, ler, ouvir música, meditar, assistir a um filme ou série, jogar jogos de tabuleiro, praticar o seu hobby: vale escolher aquilo que te relaxa e te faz feliz;
- Exercite o corpo – Atividades físicas e esportes liberam hormônios importantes para o bem-estar e ainda oxigenam o cérebro, facilitando a tomada de decisões;
- Exerça o autocuidado – Melhorar a autoestima e buscar fontes de relaxamento é sempre importante: massagens, meditação, banhos mornos e até mesmo investir na própria espiritualidade podem ser bons aliados;
- Durma bem – Um sono de qualidade faz toda a diferença na hora de garantir o equilíbrio emocional;
- Cuide da alimentação e busque uma nutrição mais relaxante – Nada de alimentos gordurosos e pesados, que podem embrulhar o estômago e causar desconfortos. À noite, invista em chás sem cafeína;
- Não se abstenha de ter e defender uma opinião – Construir sua própria opinião contribui para diminuir a angústia, desde que ela não seja acompanhada por intolerância em relação às opiniões dos outros.

E as relações pessoais e familiares, devo cortar?
Para Caldato, deve-se evitar alguns comportamentos, como não tocar no assunto política ou não ler comentários em postagens “para não passar raiva”. Tudo deve ser analisado por diversos ângulos. Por um lado, pode ser bom evitar assuntos e interações para não nutrir sentimentos negativos, que podem afetar a saúde física e mental, mas também existe a necessidade em manter sua opinião frente ao contraditório.
“A depender da personalidade de cada pessoa, alguns terão um comportamento evitativo sobre a discussão do assunto, mesmo que essa discussão seja saudável. Abster-se de construir uma opinião própria a respeito (das eleições) não deve ser uma solução em respeito a si mesmo e a todos os outros que têm suas vidas afetadas pelos resultados das eleições”, diz o psiquiatra, ressaltando que todas as emoções são importantes, inclusive a raiva, mas ela precisa ser administrada de forma que nos ajude a sair da “zona de conforto”.
“Parar de ler os comentários nos posts sobre política pode ser uma estratégia de redução de danos para quem não está conseguindo lidar com a raiva, que está comprometendo sua saúde emocional diante disso. Procurar um tratamento psicoterápico ajudará a gerenciar melhor as emoções, independentemente dos gatilhos presentes.”

Ser tolerante também é cuidar de você
Há um consenso quando se trata da necessidade de manter o respeito e a tolerância em relação às escolhas individuais. Cortar relações seria um “último recurso” para proteger a própria saúde mental, mas apenas em casos inflexíveis em que manter o distanciamento pode ser a única saída.
“Cortar relações com alguém também pode ser uma estratégia quando houver necessidade de preservar a saúde ou os valores de cada um. Pode ser um acordo entre os amigos ou os parentes, não discutirem sobre política se as partes são inflexíveis em suas decisões. Entender os limites de cada um nesse debate político e valorizar outros fatores que fortalecem os vínculos entre si”, conclui o especialista.
Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!