O câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todo o mundo. No Brasil, para o ano de 2022 foram estimados 66.280 novos casos, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Ainda conforme o órgão, esses números representaram 43,74 casos a cada 100 mil mulheres

O cenário impacta, mas a boa notícia dentro dele é que a cannabis medicinal tem se mostrado benéfica nos casos da doença, já sendo uma das mais utilizadas para aliviar os efeitos do tratamento de diversos tipos de câncer, incluindo o de mama, devolvendo qualidade de vida às pacientes. Além disso, pesquisas em andamento para comprovar que ela atua para impedir a progressão da doença também estão em desenvolvimento. 

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Câncer: cannabis como aliada 

De forma geral, o câncer é causado por mutações no DNA das células. Estas, quando saudáveis, possuem “instruções de como proceder”, ou seja, de que forma crescer e se dividir, assim como seu período de funcionamento. Quando ocorre algum erro nessas instruções, pode surgir uma célula alterada que, por sua vez, se torna cancerígena. 

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Essas células cancerígenas se dividem mais rapidamente do que as normais, o crescimento se torna contínuo e esse excesso de células invade progressivamente todo o organismo, adoecendo o corpo e dando origem aos tumores malignos. Além disso, possuem a capacidade de se desprender e se deslocar, resultando numa ação que chamamos de metástase — e é justamente nesse ponto que a cannabis tem sido estudada para dificultar a progressão da doença. 

“Normalmente temos visto a cannabis como tratamento sintomático [para sintomas], mas sabemos que ela tem muitas propriedades e há muitos relatos de casos ao redor do mundo de pacientes nos quais o câncer não estava mais progredindo”, afirma Amanda Medeiro Dias, médica da Clínica Gravital na unidade de Curitiba. 

Câncer de mama
Imagem: shutterstock/Alejandro_Munoz

A cannabis aparece também como uma aliada no combate aos efeitos colaterais do câncer, como dores, ondas de calor, perda de apetite, ansiedade, insônia, náusea e vômitos, como explica a especialista. 

“A cannabis pode ser utilizada como um tratamento sintomático, ou seja, para diminuir os sintomas dos pacientes com câncer. Ela pode trazer analgesia, que é a melhora da dor, e também funciona como um antiemético, pois melhora a náusea, principalmente após a quimioterapia. Além disso, ajuda no sono e trabalha como uma aliada no relaxamento muscular.” 

A médica também explica que todos os benefícios são alcançados pelo fato de que a cannabis traz o equilíbrio ao sistema endocanabinoide, que possibilita melhorias para a qualidade de vida do paciente. 

“As mudanças são imensas, pois eu tinha muitas dores por conta de uma série de efeitos colaterais do tratamento oncológico, principalmente na musculatura e articulações. As dores sumiram completamente”, conta Giselle Goldoni Tiso, paciente oncológica que há seis meses faz tratamento com cannabis medicinal com o médico Bryan de Azeredo da Silva, da Clínica Gravital unidade de Porto Alegre. 

Imagem: KUMRUEN JITTIMA – Shutterstock

A Dra. Amanda ressalta, no entanto, que tanto as dosagens quantos os resultados são individuais, por o tratamento ser pensado personalizadamente para cada paciente e suas necessidades. 

“A partir da terceira semana já conseguimos apresentar resultados, principalmente para a sintomatologia. Para o paciente que está com câncer, não podemos prometer a cura, mas podemos melhorar a qualidade de vida, fazendo com que esse período em que ele está em tratamento seja o mais tranquilo possível, para ele continuar tendo uma qualidade de vida e fazendo as coisas com normalidade, pois isso é importante.” 

A atuação da cannabis no tratamento do câncer já é documentada por pesquisadores desde 1990, mas o grande avanço na pesquisa especificamente do câncer de mama ocorreu em 2007, quando o Dr. Sean McAllister mostrou que o CBD (canabidiol) combate as formas mais malignas da doença. Desde esse relatório, existem vários estudos que confirmam e ampliam essas descobertas, além de pesquisas em andamento, que reforçam o potencial benéfico de canabinoides como CBD e THC no tratamento oncológico. 

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