No mês de outubro, diversos temas sobre regulação entraram em pauta no mercado cripto, como as sanções impostas ao ‘Tornado Cash’ – uma ferramenta utilizada como um “mixer” onde é possível anonimizar transações como lavagem de dinheiro; os Bored Ape Yatch Clube, coleção famosa de NFTs que estão sendo investigados sob o risco de serem encarados como ativos tradicionais, e a dúvida dos entusiastas em criptomoedas sobre os perigos das CBDCs – Central Bank Digital Currency.

Os olhares e a força de trabalho dos governos e bancos centrais para esse tipo de moeda têm aumentado cada vez mais. Um exemplo disso vem da consultora sênior do Bitcoin Policy Institute e diretora executiva da Texas Bitcoin Foundation, Natalie Smolenski. Em parceria com Dan Held, educador de Bitcoin e consultor de marketing da Trust Machines, ela escreveu um White Paper, uma espécie de documento informativo, chamado “Por que os EUA devem rejeitar as CBDCs”.

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Ao contrário do dinheiro físico, que pode ser transacionado de forma anônima, o dinheiro digital é totalmente programável. Isso significa que, com as CBDCs, os bancos centrais têm acesso a informações diretas sobre as identidades de quem realiza as transações, o que os permite bloquear ou censurar qualquer transação.

Eles argumentam que precisam disso para combater lavagem de dinheiro, fraude, financiamento do terrorismo e outras atividades criminosas. Mas a verdade é que a capacidade dos governos em combater de forma significativa os crimes financeiros provou ser lamentavelmente inadequada. Ela, inclusive, prejudica a privacidade financeira de bilhões de pessoas. Afinal, a possibilidade de bloquear ou censurar qualquer transação também pode levar ao oposto: exigir ou incentivar transações.

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Outro ponto é que uma CBDC pode ser programada para ser gasta apenas com determinados varejistas, prestadores de serviços, em determinados momentos e por determinadas pessoas. Em outras palavras, torna-se efetivamente um token emitido pelo estado, como um vale-refeição, que só pode ser gasto sob condições predefinidas.

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Embora a penalidade e as taxas de juros sejam métodos que os bancos centrais podem usar para confiscar gradualmente o dinheiro de indivíduos e organizações privadas, eles não são os únicos à disposição deles. A partir do dinheiro programável, é possível que as organizações financeiras tenham relacionamento direto com os consumidores e que registrem qualquer tipo de movimentação, entre elas:

  • Acompanhar todas as transações financeiras;
  • Bloquear ou reverter qualquer transação;
  • Determinar valor máximo para transferir e receber;
  • Avaliar quais produtos e serviços podem ser comprados;
  • Implementar política monetária;
  • Confiscar dinheiro privado;
  • Aplicar cobrança de impostos em transações.

Ou seja, existem diversos benefícios à primeira vista (expliquei na coluna anterior) que parecem muito interessantes, mas também existem pontos delicados que podem afetar a privacidade e liberdade de toda a sociedade.

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Já dizia o economista austríaco Friedrich Hayek: “Se lutamos pelo dinheiro, é porque ele nos permite escolher da forma mais ampla como melhor desfrutar os resultados de nossos esforços”.

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