Esculturas de corujas misteriosas tem origem investigada

Acreditava-se que corujas esculpidas em ardósias faziam parte de rituais e divindades, mas nova pesquisa aponta uma nova teoria
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 09/12/2022 15h46
Ardósias esculpida [Imagem: Reprodução Negro et al., Scientific Reports , 2022]
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Algumas placas de ardósia foram encontradas na península ibérica há mais de um século e os arqueólogos acreditavam se tratar de retratações de divindades. Elas foram encontradas em túmulos e fosso e possuem o tamanho da palma da mão. As pedras que foram marcadas com padrões geométricos que lembram corujas, datam da Idade do Cobre, tendo entre 5500 a 4750 anos. Entretanto, uma nova pesquisa aponta que elas são rastro de atividades lúdicas de crianças da época.

A pesquisa foi liderada pelo biólogo evolutivo Juan Negro e comparou as peças de de ardosia com espéciede corujas existentes em Portugal e na Espanha. “Quando a pedra é esculpida, ela tem a particularidade de alterar sua cor preta natural com o branco das linhas que foram gravadas, característica que facilita a imitação da plumagem enigmática das corujas” disse Negro em resposta ao Science Alert

A imagem (A) mostra uma placa de ardósia encontrada em Portugal, muito parecida com a espécie de coruja pequena (B). Já a imagem (C) mostra uma placa encontrada na Espanha muito parecida com a coruja orelhuda (D). [Imagem: Reprodução Negro et al., Scientific Reports , 2022]

Ao mesmo tempo, eles utilizaram de técnicas para esculpir na ardósia para descobrir o grau de complexidade da tarefa. Eles acreditam que elas foram facilmente gravadas usando ferramentas pontiagudas feitas de pederneiras, quartzo ou cobre. Outro ponto que eles levaram em consideração para concluírem que as peças foram feitas por crianças e a semelhança com desenho de corujas feitas por crianças atualmente. Entretanto, eles não descartam a possibilidade de terem sido usadas posteriormente em funerais, como forma dos mais jovens homenagearem o falecido. 

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Contraposições da teoria 

Mas nem todos os arqueólogos defendem essa nova teoria. Com discussões há mais de um século acerca do real significado das peças, outros pesquisadores apontam a falta de comprovação científica e mais convincentes. “Se as crianças, como o maior grupo demográfico dessas comunidades, as produzem, esses tipos de placas deveriam ser muito mais comuns, quando, na verdade, essas placas com qualidades de coruja representam apenas cerca de 4% de todas as placas”, aponta Katina Lillios , um arqueólogo antropológico da Universidade de Iowa, em resposta a New Scientist.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.