Autor do livro “The Secret Life of Secrets” (A vida secreta dos segredos, em tradução livre) e professor associado de liderança e ética na Columbia Business School, Michael Slepian concluiu após 10 anos de pesquisa que guardar segredos causam danos à saúde física e emocional. Segundo o cientista, a parte mais difícil e que mais afeta o ser humano não é o fato de ter que guardar um segredo, mas ter que conviver com ele em nossa mente

“Como sombras, nossos segredos podem nos seguir onde quer que a gente vá. Parte do problema é que estamos viajando com eles sozinhos.” 

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Durante o estudo, Slepian ouviu 50 mil pessoas, as quais se abriram com ele e revelaram seus segredos. As pessoas que mais guardavam “esqueletos no armário” eram as que mais tinham a saúde prejudicada, tendo menos prazer na vida e relacionamentos mais fracos.

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O professor acrescentou que a maioria das pessoas acreditava que sua índole era moralmente correta e que eram pessoas boas, assim, os erros se tornaram uma vergonha, sendo escondido dos outros. “Ficamos mais do que felizes em compartilhar o que há de bom em nós mesmos com os outros. É assim que nos tornamos queridos. Quanto mais imoral você julgar seu segredo, mais ele evocará vergonha, uma punição particularmente dolorosa que as pessoas infligem a si mesmas. Os segredos podem fazer com que as pessoas se sintam isoladas e se isolem dos outros”, explicou Slepian. 

Imagem: shutterstock/Ollyy

Os segredos mais comuns são sobre mentira, comportamento sexual, desejos e família. Uma em cada três pessoas admitiu a infidelidade, embora não necessariamente em um relacionamento atual; um terço desse grupo disse que sempre manteria o segredo guardado. Outra parte disse que o compartilhou com terceiros. O restante acabou confessando ao parceiro. 

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A pesquisa também avaliou se, no caso da infidelidade, as pessoas gostariam mesmo de saber sobre as traições dos cônjuges, principalmente quando ocorrida apenas uma vez. Três quartos afirmaram querer divulgação completa dos fatos. 

O que fazer quando segredos começam afetar o bem-estar? 

De acordo com o cientista, o ideal é conversar com alguém em quem você confie — o estudo também revelou que a maioria deseja compartilhar seus pensamentos secretos. Os segredos fazem com que as pessoas se sintam culpadas, acreditando que escaparam injustamente de uma punição. Como resultado, eles se punem, muitas vezes negando a si mesmos o prazer. Em alguns casos, as pessoas começam a ter comportamentos como limpeza excessiva da casa ou a entrega exagerada a exercícios físicos. 

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“Isso pode fazer com que se sintam bem, mas o problema é que, enquanto seu segredo permanecer em segredo, eles sentirão que continuam escapando da justiça e, portanto, o ciclo de autopunição nunca termina”, disse o especialista.  

“É muito fácil encontrar maneiras inúteis de pensar sobre algo sozinho, mas também é fácil encontrar uma maneira útil de pensar sobre isso quando você está conversando com outra pessoa. Eles têm uma perspectiva diferente. Eles normalmente acolherão sua vulnerabilidade porque oferece a chance de aprofundar a intimidade do relacionamento.” 

imagem: shutterstock/Photo Art Lucas

Slepian também orientou em seu artigo a distinguir entre os segredos prejudiciais e os que não são. É preciso considerar dar-se permissão para perdoar a si mesmo e seguir com sua vida, até porque os erros estão no passado, e não podem ser mudados. “Reconheça as melhorias que você fez e a forma como cresceu.” 

O pesquisador contou ainda que, para ele, a pesquisa tem aspecto pessoal, já que precisou lidar com um dos maiores segredos da sua vida: ele e seu irmão mais novo foram concebidos por meio de inseminação de doadores. Os pais só revelaram o segredo quando Slepian tinha 26 anos e muitas perguntas. 

“Quando aprendi como era manter esse segredo, isso mudou minha compreensão do sigilo. Mas só após escrever meu livro comecei a fazer mais perguntas sobre isso. Obtemos insights sobre nossos segredos quando os discutimos com outras pessoas e aprendemos sobre nós mesmos também. Podemos não querer que nossos segredos sejam conhecidos, mas queremos que nós mesmos sejamos.” 

Com informações do Phys.org e Tufts University

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