Os consoles de videogame são bastante caros no Brasil. O PlayStation 5 e os Xbox Series X|S, por exemplo, custam mais de R$ 4 mil no preço oficial sugerido pelas fabricantes Sony e Microsoft. Além disso, os jogos mais recentes para ambas as plataformas têm chegado às lojas por pelo menos R$ 350 em suas versões mais básicas — equivalente a quase 27% do salário mínimo oferecido aos brasileiros.

Mas por que os preços de videogames são tão altos no Brasil? O Olhar Digital analisou todos os fatores levados em consideração na hora de calcular o custo de jogos e consoles no país para encontrar essa resposta. A conclusão você confere em detalhes, nas linhas a seguir.

Leia também:

Os jogos estão mais caros no mundo todo

Os jogos estão mais caros não só no Brasil, como também em outras partes do mundo. Com a chegada da nona geração de consoles — formada pelo PS5 e pelos Xbox Series X|S —, a maioria das desenvolvedoras aumentou o preço tabelado de seus principais lançamentos de US$ 60 para US$ 70.

publicidade

Esse aumento de preço também aconteceu ao redor do mundo, incluindo no Brasil. Por aqui, um lançamento de PS4 ou Xbox One podia ser encontrado nas lojas por preços que variavam entre R$ 200 e R$ 250. Os games da nova geração já tiveram seu custo ajustado para R$ 350, como God of War: Ragnarok e Horizon Forbidden West, ambos disponíveis em versões para PS5.

God of War: Ragnarok tem preço sugerido de R$ 350 no PS5 (Imagem: Divulgação/Sony)

A desvalorização do real

Os consoles e os jogos de videogame são produtos precificados primeiro em dólares. Para serem comercializados no Brasil, os preços são convertidos para reais utilizando a cotação mais recente da moeda dos EUA. Isso significa que, quanto mais alta for a cotação do dólar, maiores serão os preços praticados para os videogames.

Desde 2020, o dólar tem crescido de forma vertiginosa em relação ao real. Em janeiro de 2020, a moeda dos EUA era comercializada a R$ 4,07; e desde março do mesmo ano — momento mais grave da pandemia da COVID-19 —, ela permanece acima dos R$ 5.

Enquanto o dólar não diminuir e o poder de compra dos brasileiros não aumentar, os videogames continuarão sendo bastante caros.

A escassez de chips na pandemia

A pandemia da COVID-19 não afetou somente a cotação do dólar. Devido às quarentenas e restrições de locomoção, a produção de chips e outros componentes eletrônicos foi prejudicada durante vários meses. Com poucas peças no mercado, houve um aumento significativo no preço praticado pelas fabricantes.

Esse problema afetou a fabricação de processadores, placas de vídeo, e diversos outros componentes necessários para construir os videogames. Apesar da crise de chips ter melhorado em relação aos momentos mais críticos da pandemia, é difícil saber quando os preços irão voltar ao patamar de anos anteriores a 2020.

Vale lembrar que no lançamento do PS5 e dos Xbox Series X|S, em novembro de 2020, era bastante difícil encontrar ambos os aparelhos em lojas no Brasil e no resto do mundo. Isso fez com que as poucas unidades disponíveis fossem comercializadas a preços exorbitantes no mercado paralelo.

Os impostos do Brasil

Além de todos os fatores externos citados até agora, é importante dizer que os videogames ficam caros porque há diversos impostos no Brasil que acabam encarecendo eletrônicos. Um desses impostos é o IPI — Imposto sobre Produtos Industrializados —, cuja alíquota pode chegar a 30% no caso de consoles.

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), entre 2019 e 2022, o então Presidente da República reduziu os impostos para importação de videogames no Brasil quatro vezes. Além disso, aparelhos com telas incorporadas tiveram IPI zerado. Porém, esses decretos tiveram pouco impacto no preço final dos produtos.

videogame calorias
Imagem: iStock

Graças a essas reduções de impostos, o preço do PS5 chegou a cair R$ 500 desde que foi lançado. Porém, o console ainda custa mais de R$ 4 mil. O mesmo vale para os Xbox Series X|S, que tiveram redução no preço, mas permaneceram bem caros. Nos Estados Unidos, por exemplo, o preço médio de um PS5 é de US$ 500, o que seria equivalente a um pouco mais de R$ 2.500 pela cotação atual.

É importante mencionar que o IPI não é o único imposto aplicado a videogames no Brasil. Jogos e consoles também são afetados pelo Imposto de Importação — ICMS — que varia para cada estado, além do PIS e COFINS.

Todos os consoles são importados

A solução para se livrar de tantos impostos seria fabricar os videogames em território nacional. Porém, não há incentivos para as fabricantes investirem em fábricas por aqui. Nem o PS5, nem os Xbox Series X|S são fabricados no Brasil e, por isso, precisam ser importados, ficando mais caros para o consumidor final.

Enquanto não houver fabricação de videogames no Brasil, o preço será baseado na cotação do dólar. Porém, como dólar nas alturas, não é lucrativo para as empresas instalarem fábricas no Brasil.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!