Tremores secundários podem acontecer na Turquia e na Síria por anos

A Turquia e a Síria passaram por uma serie de terremotos nos últimos dias, e esses tremores podem durar por anos
Por Mateus Dias, editado por Lucas Soares 07/02/2023 20h53, atualizada em 08/02/2023 20h32
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Um forte terremoto atingiu a Turquia e a Síria na madrugada desta segunda-feira. Ele chegou a 7,8 na escala Richter e nove horas depois, um tremor secundário teve magnitude de 7,5. Já foram registrados mais de 7 mil mortos, mas as buscas ainda estão só começando.

  • O primeiro tremor de 7,8 de magnitude aconteceu por volta das 4:17h da segunda-feira horário local (22:17h de domingo no horário de Brasília)
  • Outro terremoto de 7,5 de magnitude aconteceu por volta das 13:30h da segunda-feira horário local (7:30h de segunda-feira no horário de Brasília)
  • Outros 86 terremotos secundários aconteceram na região nas 44 horas seguintes do primeiro tremor

Segundo cientistas, outros tremores secundários ainda continuarão atingindo a região nos próximos dias, meses ou até mesmo anos após o primeiro terremoto. Esses abalos sísmicos acontecem por causa dos reajustes que acontecem na falha que ocasionou o terremoto principal, liberando a energia acumulada.

Haverá tremores secundários perceptíveis a este terremoto anos depois. Neste momento, posso prever para você que haverá muito mais tremores secundários de magnitude 5, provavelmente 6 ou mais, nesta área. Essa é uma decisão fácil de fazer, porque historicamente falando, estatisticamente falando, isso é quase garantido.

David Oglesby, geofísico da UC Riverside, em resposta a Wired

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Comos os terremotos se formaram

Os terremotos são causados pelo choque ou tensão de placas tectônicas sob a crosta terrestre, eles geralmente acontecem em falhas dessas massas de rochas, como o que aconteceu na Síria e na Turquia. 

Na região, o terremoto se formou a partir de uma movimentação transcorrente. Ou seja, duas placas em movimento horizontal mas em sentido opostos, criaram uma tensão até que uma falha se formasse e causasse o terremoto. Isso aconteceu em regiões relativamente rasas, acarretando em fortes tremores. 

Os terremotos secundários se formaram a partir de uma linha de falha do terremoto principal. No entanto, o tremor secundário mais forte, de 7,5 de magnitude, se originou em outra faixa de falha mais que se conecta com a principal, o que torna os eventos mais complexos do que o normal.

Os pesquisadores acreditam que o primeiro terremoto pode ter acelerado o acontecimento do termos 9 horas depois que já estava se formando a algum tempo. “Ele meio que avançou um pouco seu relógio, de modo que teve o grande terremoto que eventualmente teria de qualquer maneira, provavelmente um pouco mais cedo” aponta Austin Elliott, geólogo de terremotos do Serviço Geológico dos Estados Unidos.

Os geofísicos não descartam a possibilidade de um tremor secundário ainda mais forte que o principal venha acontecer. As chances são de 5%, e se se tornarem reais, o tremor mais forte passa a ser o principal e os outros tornam-se abalos sísmicos premonitórios.

Resgate das vítimas 

A preocupação com os tremores secundários que virão a acontecer nos próximos dias é a respeito do resgate das vítimas. Outros terremotos podem atrapalhar o socorro das pessoas que estão sob os escombros.

Se os prédios desabaram na rua, como vocês farão para passar as ambulâncias? Como você vai fazer seus socorristas passarem? Como você vai levar sua comida, mesmo para as pessoas que estão abrigadas no local?

David Oglesbey

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.