James Webb se junta a Einstein para aumentar sua visão

A Lente Gravitacional fez com o James Webb capturasse não só uma como três imagens de uma mesma em uma só foto
Por Mateus Dias, editado por Bruno Capozzi 06/03/2023 19h30, atualizada em 06/03/2023 23h44
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Imagem: muratart - Shutterstock
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Uma nova imagem impressionante realizada pelo Telescópio Espacial James Webb revelou um fenômeno previsto há mais de 100 anos por Albert Einstein, as Lentes Gravitacionais.

As lentes gravitacionais são previstas na Teoria da Relatividade Geral, onde a massa é capaz de distorcer o espaço-tempo. Quanto maior a massa de um objeto espacial, maior será a distorção causada por ele. Essa deformação também afeta a passagem da luz.

A deformação acontece à medida que a luz do objeto de fundo passa pelo corpo em primeiro plano, conhecido como lente gravitacional. A distorção pode ser tão grande, a ponto de ampliar os objetos mais longe ou até mesmo fazer com que luz percorra diferentes caminhos em diferentes momentos e crie várias imagens da mesa estrela, ou galáxia, no céu. O que é muito útil para os astrônomos.

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A imagem feita por Webb

Na imagem realizada pelo James Webb, a lente gravitacional é uma aglomerado de galáxias conhecido como RX J2129. Ele está localizado a cerca de 3,2 bilhões de anos-luz da Terra, na constelação de Aquário. Ao seu fundo uma supernova de cor vermelha em uma galáxia pode ser observada.

A supernova foi descoberta através de observações realizadas pelo Telescópio Espacial Hubble, e ela foi classificada como do tipo Ia e chamada de AT 2022riv. Esse tipo de supernova é também conhecida como “velas padrão” e graças a sua luminosidade sua distância da Terra pode ser definida.

Por causa da lente gravitacional do aglomerado galáctico RX J2129, a galáxia hospedeira da supernova pode ser observada em três momentos, posições, tamanho e idade diferentes. Isso por causa dos diferentes caminhos percorridos pela luz em diferentes tempos, mas que chegam juntos nas lentes do James Webb.

A galáxia hospedeira da supernova pode ser avistada em três momentos diferentes, graças a uma lente gravitacional (Credito: ESA/Webb, NASA & CSA, P. Kelly)

A supernova pode ser observada na imagem em que a luz percorreu o maior caminho, e portanto é a mais antiga. Nas outras imagens formadas, a galáxia hospedeira pode ser vista 320 e 1000 dias depois da primeira, e a AT 2022riv não é mais avistada.

As observações realizadas pelo James Webb foram feitas pelo sensores Near-Infrared, que observa infravermelho próximo. Ele permitiu medir o brilho da supernova e compará-la com outras explosões de estrelas do tipo Ia. Além disso, as observações também podem ser utilizadas para testar a precisão de medir distâncias através de supernovas.

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Redator(a)

Mateus Dias é estudante de jornalismo pela Universidade de São Paulo. Atualmente é redator de Ciência e Espaço do Olhar Digital

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.