A usina nuclear de Angra I, em Angra dos Reis (RJ), teve um vazamento de material radioativo em setembro do ano passado. A informação foi obtida pelo O Globo. O jornal também publicou que a Eletronuclear, empresa estatal responsável por cuidar do complexo de usinas nucleares brasileiras, demorou 21 dias para comunicar o incidente à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama).

O vazamento em Angra I aconteceu no dia 16 de setembro na Baía de Itaorna. Estima-se que o material contaminado seja cerca de 90 litros de água de refrigeração, que a empresa apontou possuir baixo teor de radioatividade.

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O acidente chegou ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) através de uma denúncia anônima, que foi repassada ao Ibama e a CNEM. No dia 30 de setembro, funcionários do Ibama entraram em contato com a Eletronuclear, que negou os acontecimentos.

Ainda no dia 30, a estatal soltou uma nota informando que houve um leve aumento da taxa de radiação em uma das salas de trabalho de Angra I. Isso teria acontecido devido à água acumulada em um dos ralos. O comunicado também informou que o material radioativo foi contido no local.

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Notificação atrasada do vazamento em Angra I

A história começou a mudar cerca de três semanas depois do incidente, quando a Eletronuclear entrou em contato com os órgãos competentes nos dias 7 e 11 de outubro. Na nova versão apresentada ao Ibama e ao CNEM, foi informado que o material radioativo “foi lançado de forma involuntária no sistema de águas pluviais”, chegando ao mar.

A licença dada à usina Angra I pelo Ibama (nº 1.217/2014) estipula que os acidentes devem ser comunicados imediatamente ao Sistema Nacional de Emergências Ambientais. Por causa disso, a veracidade das informações fornecidas pela Eletronuclear estão sendo questionadas pelas autoridades juntamente com o Ministério Público Federal, devido à demora na notificação.

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A prefeitura de Angra dos Reis afirmou que entraria como coautora das ações movidas pelo MPF contra a Eletronuclear. Nesta quinta-feira (23), o prefeito da cidade também anunciou ter cobrado explicações ao presidente da estatal, Eduardo Grivot de Grand Court.

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Eletronuclear ira contestar relatórios do Ibama

A Eletronuclear, procurada pelo jornal O Globo, informou que irá contestar os relatórios do Ibama que alegam atraso de comunicação. A empresa defende que o ocorrido em Angra I se tratou de um incidente operacional e que ele foi tratado como um assunto interno. A estatal alega que não houve a necessidade de que as autoridades fossem informadas, já que não foram encontradas altas taxas de radiação.

Como os valores da liberação se encontravam abaixo dos limites da legislação que caracterizam a ocorrência de um acidente, a empresa tratou o evento como incidente operacional e informou o assunto nos relatórios regulares previstos.

Eletronuclear, em nota

O relatório fornecido em fevereiro pela CNEM ao Ibama informou que o vazamento de água radioativa que aconteceu em Angra I não apresenta riscos à população. A água é usada para refrigeração na usina e apresenta baixos níveis de radiação, bem menores que os dos combustíveis. 

O Ibama decidiu em 28 de fevereiro deste ano multar a Eletronuclear em 2 milhões de reais pelo vazamento do material radioativo em Angra I e em 101 mil reais pelo descumprimento da licença ambiental, em que era previsto a comunicação imediata em caso de acidentes.

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