Expedição faz observação de peixes no oceano mais profunda da história

Cientistas registraram um peixe-caracol nadando a uma profundidade extraordinária, na observação mais profunda já feita dessa natureza
Flavia Correia03/04/2023 15h53, atualizada em 04/04/2023 09h39
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Divulgação: Centro de Pesquisa em Mar Profundo Minderoo-UWA
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Uma expedição científica conjunta entre Japão e Austrália conseguiu capturar peixes a mais de 8 km de profundidade, no que se tornou o registro mais profundo já obtido na história da exploração oceânica.

Pioneiro no uso de landers instrumentados em águas profundas, o biólogo marinho, engenheiro e explorador escocês, professor Alan Jamieson, cientista-chefe da expedição, revelou nesta segunda-feira (3) que dois peixes-caracol foram capturados em armadilhas colocadas a 8.022 metros de profundidade na Fossa do Japão, ao sul do país asiático, durante uma viagem de dois meses feita por uma equipe da Universidade da Austrália Ocidental (UWA) e da Universidade de Ciências Marinhas de Tóquio.

O biólogo marinho, engenheiro e explorador escocês, professor Alan Jamieson, é o cientista-chefe da expedição que fez a mais profunda captura de peixes da história. Imagem: Centro de Pesquisa em Mar Profundo Minderoo-UWA

De nome científico Pseudoliparis belyaevi, os peixes-caracol registrados pela equipe são os primeiros a ser capturados abaixo de 8 km de profundidade. Embora a espécie tenha normalmente cerca de 11 centímetros de comprimento, não foi divulgado o tamanho do animal capturado. 

Câmeras operadas remotamente pelos exploradores da expedição, que é parte de um estudo de dez anos sobre a população de peixes mais profunda do planeta, também registraram outra espécie de peixe-caracol (ainda não catalogada) nadando a 8.336 metros de profundidade na trincheira Izu-Ogasawara, também no sul do Japão. 

As trincheiras japonesas são lugares incríveis para explorar; elas são tão ricas em vida, mesmo bem no fundo.

Alan Jamieson, fundador do Centro de Pesquisa em Mar Profundo Minderoo-UWA.

“Dizemos às pessoas desde muito cedo, com dois ou três anos, que o fundo do mar é um lugar horrível e assustador que você não deveria ir e isso cresce com você com o tempo”, disse Jamieson. “Não levamos em conta o fato de que o mar profundo é fundamentalmente a maior parte do planeta Terra, e os recursos devem ser compreendidos e precisamos descobrir como o estamos afetando e como ele funciona”.

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Captura mais profunda da história revelou peixes-caracol a 8.022 m abaixo da superfície oceânica. Imagem: Centro de Pesquisa em Mar Profundo Minderoo-UWA

São mais de 300 espécies conhecidas de peixe-caracol. De acordo com a BBC, a 8 km de profundidade, eles experimentam mais de 80 megapascals, ou 800 vezes a pressão na superfície oceânica.

Seus corpos gelatinosos os ajudam a sobreviver. Além disso, não ter uma bexiga natatória, o órgão cheio de gás para controlar a flutuabilidade que é encontrada em muitos outros peixes, é uma vantagem adicional.

Da mesma forma, sua abordagem aos alimentos é favorecida nesses locais – eles se alimentam por sucção e consomem minúsculos crustáceos, dos quais há muitos em trincheiras.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.