O carro popular foi uma categoria de veículo que ganhou o coração de muitos brasileiros no passado. A ideia era simples: oferecer carros por preços mais acessíveis que cabiam no bolso de mais consumidores. Antes de falar sobre a possível volta, vamos a um resumo da história.

  • O segmento foi muito importante para a indústria nacional e ajudou montadoras em tempos de crise e foi até usado como aliado para aquecer a economia do país. 
  • Nos anos 1990, o carro popular decolou de vez durante o governo Itamar Franco com redução no IPI e ficou marcado pelo motor 1000 e pela falta de acessórios para cortar custos.
  • As vendas saltaram de 764 mil unidades em 1992 para 1.131.000 no ano seguinte, atingiu recorde de vendas em 1997: 1.943.000 unidades.
  • Para ter uma ideia, os populares chegaram a representar 71% de todos os veículos vendidos no Brasil em meados dos anos 1990.
  • Entre os representantes mais icônicos, temos o Uno Mille da Fiat e o Gol da Volkswagen (ambos se aposentaram no fim do ano passado).
  • Avançando algumas décadas no tempo, os carros populares foram ficando cada vez mais caros e perderam espaço para os chamados “popular premium”, caso de modelos como o Volkswagen Polo, Fiat Argo e Chevrolet Onix. 

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Kwid Zen é atualmente o carro menos caro do Brasil. Imagem: Divulgação/Renault

No início dos anos 1990, um carro popular custava em torno de US$ 7 mil. Corrigido, hoje isso equivale a R$ 35 mil. Hoje, o modelo 0 km menos caro do Brasil é o Renault Kwid, que, apesar de muito mais moderno, seguro e equipado, custa quase o dobro disso (R$ 68.190).

A boa notícia é que existe um movimento que ganhou força para trazer a ideia de volta para aquecer as vendas.

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Quanto custa e como será o novo carro popular?

Segundo as informações da Folha de São Paulo, a proposta não será tão atrativa como no passado do ponto de vista de preço. A promessa são de carros novos a partir de R$ 50 mil, com motor 1.0 e movidos somente a etanol, considerado um combustível mais verde que a gasolina.

Atualmente, a iniciativa está em discussão no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Para voltar a reduzir os preços, um dos planos do governo é adotar a mesma estratégia do passado, ou seja, reduzir tributos.

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Stellantis defende a ideia

O presidente da Stellantis, Antonio Filosa, é a favor da volta do carro popular. O executivo defendeu recentemente que a categoria precisará de impostos mais baixos, mas não pode abrir mão de itens de segurança para cortar custos.

Como exemplo de popular moderno, Filosa citou o compacto elétrico Citroën Ami, um microcarro vendido na Europa. 

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Citroën Ami
O compacto elétrico Citroën Ami foi citado pelo CEO da Stellantis como exemplo de carro popular moderno. Imagem: Divulgação/Citroën

falamos sobre o Ami aqui. O “carrinho” leva só duas pessoas a bordo, dispensa porta-mala e foi um veículo pensando para rodar na cidade, algo que talvez não funcionaria tão bem para muitos compradores no Brasil.

Filosa, diz que a Fenabrave, entidade que representa os distribuidores de veículos, poderia liderar as negociações pela volta dos populares no país, já a Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, aponta que o projeto deve enfrentar resistência.

Com margens apertadas no pós-pandemia, muitas montadoras não querem vender carros mais baratos, ainda que a oferta de uma gama maior de modelos possa melhorar as vendas no longo prazo.

Quando o novo popular chega?

Por enquanto, é difícil precisar, já que há um caminho longo pela frente até que novos acordos sejam firmados para o projeto enfim sair ou não do papel. Ainda assim, o simples fato de estar em pauta é uma boa notícia.

Imagem principal: Antônio Salaverry/Shuttestock

Com informações da Folha, Vrum, Flatout, Automotive Business

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