A fantástica perseguição de um eclipse solar

Cientistas perseguiram um eclipse em velocidade supersônica!
Marcelo Zurita21/04/2023 21h42
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50 anos atrás, um pequeno grupo de astrônomos conseguiu estender a duração de um eclipse total do Sol em 10 vezes. Sabe como? Perseguindo a sombra do eclipse a bordo do avião supersônico. Estamos falando do lendário Concorde que, na época, não passava de um protótipo. Isso tudo aconteceu muito antes que a aeronave começasse seus voos comerciais.

O Eclipse Solar de 30 de junho de 1973, já seria um dos mais longos eclipses totais do século, com duração de 7 minutos e 4 segundos passando pela região central da África. Isso já era o suficiente para mobilizar, com anos de antecedência, astrônomos de todo o planeta para observação do fenômeno. E foi aí que o astrofísico inglês  John Beckman teve a ideia de utilizar a aeronave mais veloz já construída, para perseguir a sombra do eclipse. 

A sombra do eclipse iria percorrer o centro do continente africano. Então, para acompanhá-la, seria necessário encontrar aeroportos onde o Concorde pudesse decolar e pousar próximo da faixa de visibilidade. E se hoje é difícil encontrar um aeroporto capaz de receber um Concorde, imagine 50 anos atrás.

Além disso, na África, o eclipse ocorreria com o Sol praticamente a pino, e não haveria por onde observá-lo dentro de um avião. Por isso, o Concorde 001 precisou de algumas adaptações radicais e adicionar janelas de observação no topo da aeronave.

Com tudo pronto e testado há poucos dias do tão esperado eclipse, restava apenas esperar o alinhamento entre Sol, Lua e Terra para pôr em prática a ousada ideia de John Beckman. 

Quando finalmente, o Concorde 001 decolou de Las Palmas às 10:08 da manhã do dia 30 de junho de 1973, a sombra da Lua já atravessava o Atlântico. Dois minutos depois, e a aeronave já ultrapassava a velocidade do som e seguia sua trajetória a sudeste, subindo para 17 km de altitude.

Confira essa história surpreendente no vídeo!

Marcelo Zurita
Colunista

Pres. Associação Paraibana de Astronomia; membro da Sociedade Astronômica Brasileira; diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros – e coordenador regional do Asteroid Day Brasil