Os monstros tully viveram nos oceanos da Terra há cerca de 300 milhões de anos, seus fósseis são tão bizarros que muito se discute a qual grupo de animais eles pertencem, vertebrados ou invertebrados. Um grupo de pesquisadores talvez possa ter chegado a uma conclusão, mas nem todos estão convencidos.

O animal foi encontrado pela primeira vez em 1958 e tem uma aparência tão bizarra que chega a parecer um alienígena. Ele tinha um corpo macio, olhos em hastes e sua boca estava localizada em um apêndice que saia do seu rosto, além disso seus vestígios são encontrados apenas no Mazon Creek, em Illinois, nos Estados Unidos.

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Os estudos mais recentes até então apontavam que os tully ou eram vertebrados do grupo dos ciclóstomos modernos, que são as lampreias e os peixes-bruxa, ou algum invertebrado ainda desconhecido.

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A pesquisa publicada na revista Paleontology aponta que o argumento de que eles são vertebrados é insustentável. Os pesquisadores liderados pelo doutorando da Universidade de Tóquio, Tomoyuki Mikami, analisaram mais de 150 fósseis e através do scanner a laser, criaram um mapa 3D do monstro e realizaram uma radiografia de sua boca para examinar seus dentes.

As análises revelaram que os dentes e bolsas branquiais, características que estavam sendo associadas a vertebrados, estavam sendo mal interpretadas.

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  • A base dos dentes analisados no estudo eram salientes, diferente dos ciclóstomos, onde elas são mais finas;
  •  O que eles pensavam ser guelras, ou brânquias, nas verdade se trata apenas de segmentação do corpo;
  • E que indicou que eles provavelmente são invertebrados, é a segmentação da cabeça, não encontrada em nenhum animal vertebrado.

Na verdade eles podem ser vertebrados

Victoria McCoy, professora da Universidade de Wisconsin-Milwaukee que não esteve envolvida no estudo e que já realizou pesquisas sobre os tully, não mudou muito a opinião dela sobre os monstros depois dessa pesquisa. Ela possui um estudo de 2016 na qual taxonomicamente coloca esses animais próximos aos ciclóstomos e outro de 2020, onde descobriu que eles eram compostos de proteínas, como os vertebrados, e não quitina, como os invertebrados.

A pesquisadora acredita que o mapeamento 3D é um avanço na compreensão desses animais, mas que teve dúvidas quanto às conclusões do estudo. Além disso, ela apontou que a fossilização dos tullys é diferente em cada indivíduo, o que pode explicar as observações feitas por Mikami e sua equipe.

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A morfologia da vida real muda muito durante a fossilização. Se você tiver mil espécimes, qualquer característica pode ser preservada de cem maneiras diferentes.

Victoria McCoy, em resposta ao Live Sceince.

Descobrir a qual grupo realmente pertencem esses monstros é importante para expandir a diversidade deste grupo, principalmente por eles serem incomuns. No entanto, a incerteza é tanta que até mesmo outra possibilidade é mencionada no estudo, a dos tully serem cordados não vertebrados, como os tunicados, mas ainda serão necessários mais estudos para chegar a uma resposta final.

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