Esse padrão climático incomum causa aquecimento ou temperaturas acima da média na superfície do Oceano Pacífico tropical central e oriental, e foi notado pela primeira vez em meados de 1600 por pescadores peruanos, que descreveram períodos de águas excepcionalmente quentes no Oceano Pacífico.

Os eventos do El Niño ocorrem irregularmente em intervalos de dois a sete anos e podem afetar o clima em todo o mundo. Embora não tenha um ciclo regular e seja bastante imprevisível, já que nenhum evento é exatamente igual aos outros, esse padrão climático geralmente interfere no clima normal durante o mês de dezembro, próximo ao Natal.

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Que problemas o El Niño pode causar?

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Fenômenos como El Niño podem contribuir com variações temporárias da temperatura média global (Imagem: Divulgação)

Em condições normais, fortes ventos alísios (deslocamentos de massas de ar quente e úmido) sopram em direção ao oeste pelo Pacífico tropical, a região do Oceano Pacífico localizada entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio.

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Esses ventos empurram a água quente da superfície em direção ao Pacífico ocidental, onde faz fronteira com a Ásia e a Austrália, enquanto a ressurgência traz água fria e rica em nutrientes das profundezas para a superfície nas costas do Equador, Peru e Chile. Por isso, eventos El Niño tem um forte efeito sobre a vida marinha na costa do Pacífico – já que algumas espécies são obrigadas a migrar para águas mais frias em busca de alimento.

Durante os eventos do El Niño, as águas quentes na superfície aumentam o nível de profundidade do oceano que separa a água superficial quente da água mais fria abaixo. Com isso, enquanto o El Niño traz chuva para a América do Sul, ele leva secas para a Indonésia e a Austrália. Em algumas partes do mundo, as enchentes causadas pelos efeitos do El Niño estão associadas ao aumento de casos de cólera, dengue e malária.

Seca causada por um dos eventos do El Niño. Foto: Khenyothaa/Shutterstock
Seca causada por um dos eventos do El Niño. Foto: Khenyothaa/Shutterstock

Eventos mais fortes também perturbam o movimento de ar em grande escala, que normalmente ajudam a distribuir o calor pela superfície da Terra, causando um inverno severo e prolongado nas latitudes mais altas da América do Norte e do Sul, e contribuindo para monções mais fracas na Índia e no sudeste da Ásia.

Tipos de El Niño

Com base nos padrões espaciais da anomalia da temperatura da superfície do mar, existem duas classificações para eventos El Niño. O primeiro deles é o El Niño “clássico”, com os efeitos globais descritos nos parágrafos anteriores, e o outro é o El Niño costeiro, no qual o aquecimento ocorre apenas na costa do Peru e do Equador.

De acordo com a National Geographic Society, no entanto, há também algumas variações do El Niño. Por exemplo, o período de transição de um evento do El Niño é chamado de “Trans Niño”. Esses eventos ocorrem no início e no final de um evento do El Niño, geralmente incluindo maior atividade de tornados no centro-oeste dos EUA.

Costa Verde, Peru. Foto: Willian Justen de Vasconcellos/Unsplash
Costa Verde, Peru. Foto: Willian Justen de Vasconcellos/Unsplash

Outra variação é chamada de El Niño Modoki que, em japonês, significa “parecido, mas diferente”. Esse evento é caracterizado por mudanças nas temperaturas da superfície do mar no Pacífico central, e causa aumento da atividade de furacões no Atlântico e no Golfo do México.

Por fim, há também o La Niña, que na verdade tem o efeito oposto do El Niño. Durante os eventos La Niña, os ventos alísios ficam mais fortes do que o normal, empurrando mais água quente para a Ásia, enquanto na costa oeste das Américas a ressurgência aumenta e traz água fria e rica em nutrientes para a superfície.

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