Brasil registra mortes por raiva humana e Butantan faz alerta

Só em 2023, duas mortes por raiva em seres humanos foram registradas no Brasil; Butatan destaca importância da vacina pré e pós exposição
Por Vitoria Lopes Gomez, editado por Bruno Capozzi 29/05/2023 23h48
Pessoa recebendo dose da vacina bivalente contra Covid-19
(Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
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Ao menos duas pessoas morreram vítimas de raiva humana somente neste ano no Brasil. Os recentes casos da doença alertam para o potencial letal do vírus e a importância da vacinação antes e depois da exposição.

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Casos deste ano

Ao menos dois homens contraíram raiva no Brasil este ano: um após o contato com um bezerro infectado em Mantena (MG) e outro após ser mordido por um sagui em Cariús (CE).

Ambos morreram.

Raiva

  • O vírus da raiva é velho conhecido da literatura, sendo chamado de “vírus da loucura”. Os primeiros registros de ocorrências são do ano 23 antes de Cristo.
  • A infecção é causada pelo vírus da família Rabhdoviridae, do gênero Lyssavirus, e afeta mamíferos, como bovinos, morcegos, cães e gatos, alguns primatas, além dos humanos.
  • A infecção pode afetar o sistema nervoso central de mamíferos e é transmitido para humanos pela mordida, arranhadura ou contato com a saliva de um animal infectado.
  • Em casos mais raros, pode ocorrer pelo transplante de órgãos de pessoas contaminadas ou por aerossóis de cavernas com morcegos infectados.
  • A infecção mata praticamente 100% dos animais e das pessoas não vacinadas antes ou após o incidente.
Uma campanha de vacinação contra raiva em cães e gatos diminui a incidência do vírus (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Vacina da raiva

Segundo a gerente de Desenvolvimento de Processos do laboratório piloto de vacinas virais do Instituto Butantan, Neuza Frazatti Gallina, a vacina é indicada em dois casos.

A vacinação contra raiva humana tem duas indicações: indicada para prevenir a contaminação pelo vírus rábico de profissionais como veterinários, biólogos, funcionários de laboratórios e profissionais que trabalham em risco de se contaminar seja pela captura ou vacinação de animais, ou por trabalhar em zoológicos, entre outras funções, em esquema pré-exposição; e o esquema de pós-exposição para quem é atacado por um animal raivoso.

Neuza Frazatti Gallina

A vacina em questão é do Butantan e rendeu prêmios importantes à gerente.

Risco de transmissão

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a raiva ainda mata 70 mil pessoas por ano no mundo.

No Brasil, a incidência da infecção ainda é rara, mas voltou a crescer em 2022, com cinco novos casos entre humanos desde então. Desde 1986, são 45 ocorrências.

Com a vacinação de pets, como cachorros e gatos, o risco de transmissão é baixo. Porém, o avanço da urbanização e o contato com animais silvestres aumenta a necessidade de cuidados. Afinal, o vírus ainda circula entre eles. Além disso, morcegos transmitem a raiva e, se morderem animais que entram em contato com humanos, a transmissão também pode acontecer.

Instituto de Butantan conscientiza sobre o ciclo de transmissão da raiva (Infográfico: Daniel das Neves)

Mortes

No entanto, segundo Neuza Frazatti Gallina, as mortes acontecem por falta de conhecimento da população, já que a vacina pré ou pós-exposição, somada ao soro, pode salvar vidas.

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Vitória Lopes Gomez é jornalista formada pela UNESP e redatora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.