Um procedimento revolucionário aconteceu nos Estados Unidos: cientistas da Universidade de Minnesota testaram congelar, reaquecer e transplantar um órgão. E deu certo. O teste foi feito com rins de roedores e em breve será aplicado em outros animais, como porcos, até ser testada a ponto de ser usada com humanos.
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Procedimento revolucionário
O uso da criogenia, técnica que permite o congelamento do corpo para evitar a deterioração e o envelhecimento, é revolucionária quando aplicada a longo prazo.
Esta é a primeira vez que alguém apresenta um protocolo robusto para armazenamento a longo prazo, reaquecimento e transplante bem-sucedido de um órgão funcional preservado em um animal.
John Bischof, professor de engenharia mecânica da Universidade de Minnesota
![Médico segurando maquete de rins](https://img.odcdn.com.br/wp-content/uploads/2022/03/rins-e1687896114442.jpg)
Congelar e descongelar o órgão
- No estudo, os cientistas usaram técnicas de criogenia para congelar o órgão (sem formar pedras de gelo);
- Para isso, enquanto os rins gelavam, eles injetavam nos tecidos uma solução crioprotetora com nanopartículas de óxido de ferro;
- Essas partículas permitem que o órgão congele de forma uniforme, sem causar nenhum tipo de rachadura e comprometer a saúde;
- Assim, os rins podem ser mantidos por até 100 dias, quando teriam que ser novamente aquecidos e lavados;
- Então, segundo o estudo publicado na revista Nature Communications, eles podem ser transplantados.
E depois?
Após o transplante, os cinco roedores que receberam os rins previamente congelados tiveram a função renal restaurada a níveis normais depois de 30 dias, sem a necessidade de mais intervenções.
Com o sucesso, a técnica pode ser aplicada a órgões maiores (e em mamíferos maiores) para testar sua eficácia.
![ratos de laboratório](https://img.odcdn.com.br/wp-content/uploads/2022/08/ratos.jpg)
Importância do estudo
No Brasil, os transplantes de órgãos são uma questão de saúde pública: segundo o Ministério da Saúde, até a última quarta-feira (21), eram mais de 64,9 mil brasileiros na lista de espera. A maior demanda é pelo transplante de rim, com 36,4 mil pessoas na fila.
Para esse órgão especificamente, alguns dos desafios incluem o tempo em que o rim permanece “vivo” entre a morte do doador e a cirurgia de transplante (que não passa de algumas horas). E que muitos sequer podem ser usados.
Segundo os pesquisadores, 20% dos rins doados não podem ser aproveitados. Além disso, muitos pacientes morrem de insuficiência renal.
Dessa forma, o estudo pode ser revolucionário: se conseguir aplicar a técnica em humanos, poderá aumentar o tempo de vida do órgão para ser transplantado e salvar mais vidas.
Com informações de Nature Communications e Universidade de Minnesota
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