Além dos funcionários de tecnologia, como engenheiros e desenvolvedores, as grandes empresas de tecnologia contam com trabalhadores que geralmente são menos lembrados quando falamos das demissões em massa no setor. E isso inclui, por exemplo, cozinheiros e zeladores, além de outros terceirizados — categoria bastante impactada pelos cortes nas big techs, como ressaltou uma reportagem do Washington Post.

Facebook e Google são duas empresas conhecidas por darem bons benefícios aos seus funcionários, como cozinhas, massagens e outras regalias em seus escritórios no Vale do Silício. Com esses benefícios — acompanhados de altas remunerações —, as big techs, buscam manter os melhores talentos da tecnologia em suas equipes.

publicidade

Porém, há milhares de colaboradores que não recebem os mesmos benefícios que os demais funcionários. Isso porque eles são contratados por empresas terceiras. E, em meio aos cortes no setor da tecnologia, eles são os mais afetados.

Leia mais:

publicidade

Exemplo disso é chef de cozinha Doug Lawson, que foi promovido há dois anos por uma empresa terceirizada que trabalha em diversos refeitórios da Meta. 

Em meio às rodadas de demissão da Meta, a Flagship, empresa terceirizada, deu a Lawson e outros funcionários duas opções: aceitar um cargo inferior com uma remuneração semelhante e as mesmas atribuições, ou encarar a demissão.

publicidade

O chefe de cozinha optou por ficar, mas, em entrevista ao Washington Post, contou que a redução na remuneração o prejudicou:

O aluguel não está ficando $160 mais barato. A comida não está ficando mais barata. Muitas pessoas não aguentaram isso.

Doug Lawson, cozinheiro da Flagship.

No início de 2023, o Google começou a reduzir custos em seus escritórios e uma das medidas foi reduzir a quantidade de “microcozinhas” que contam com funcionários terceirizados.

publicidade

Após as demissões, as empresas de tecnologia costumam divulgar os benefícios que os trabalhadores poderão usar por vários meses após a dispensa, incluindo indenização, assistência médica e mais. Porém, muitos trabalhadores terceirizados ou temporários não recebem as mesmas oportunidades.

Para se ter uma ideia, quando a Meta demitiu mais de 21 mil funcionários que trabalhavam em tempo integral, foram pagas 16 semanas de indenização e duas semanas adicionais de pagamento para cada ano de serviço. Além de cobrir a assistência médica por seis meses e oferecer suporte para recolocação no mercado de trabalho.

A Flagship, empreiteira de serviços de alimentação contratada pela Meta, demitiu ou rebaixou o cargo de 223 trabalhadores. Para eles, foram oferecidos apenas dois meses de pagamento e cobertura de saúde.

Nos últimos anos, trabalhadores dos refeitório da gigante de buscas se sindicalizaram em massa para garantir benefícios de saúde e diminuir a diferença salarial em comparação com os funcionários que trabalham em tempo integral.

De acordo com o Unite Here, sindicato que representa mais de 300 mil trabalhadores dos EUA e Canadá, 90% dos cozinheiros do Google pertencem a sindicatos.

Em julho, seis colaboradores da Appen, empresa terceirizada que presta serviços ao Google, disseram que foram demitidos após divulgar suas condições de trabalho.

Apesar de pertencerem a empresas terceirizadas, geralmente os trabalhadores temporários são supervisionados por um gerente da empresa de tecnologia que os contratou. Mas os salários e benefícios são gerenciados pelas agência de recrutamento, conforme divulgou um relatório do grupo de defesa dos trabalhadores TechEquity.

O documento também revela que as empresas terceirizadas podem receber uma comissão de 30% sobre as taxas pagas pelas empresas de tecnologia.

Há um projeto de lei na Califórnia que propõe que empregadores notifiquem os trabalhadores ao menos 90 dias antes de demitirem mais de 50 funcionários de uma vez. Caso aprovado, o projeto também exigiria que as big techs ofereçam os mesmos benefícios caso demitam colaboradores que tenham trabalhado ao menos 6 meses do ano anterior.

Com informações de Washinton Post.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!