Erro de digitação vaza milhões de e-mails de militares dos EUA

A ausência de uma letra no domínio de e-mails militares vazou milhões de informações confidenciais na última década; entenda
Por William Schendes, editado por Bruno Capozzi 18/07/2023 12h58
militar EUA
(Imagem: Africa Studio/ Shutterstock)
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Milhões de e-mails de militares dos Estados Unidos foram direcionadas para Mali, país da África Central, por causa de um erro de digitação, segundo o Financial Times.

Os e-mails compartilharam informações confidenciais, incluindo documentos, declarações fiscais, senhas e detalhes sobre viagens de autoridades.

Como isso aconteceu?

  • O envio indevido dos e-mails aconteceu devido a um erro de digitação no domínio: em vez de usar o sufixo “.mil”, padrão de todos os e-mails militares dos EUA, foi usado o domínio “.ml”, identificador que direciona as mensagens para Mali;
  • Há mais de uma década os EUA fazem avisos sobre esse detalhe. Porém, muitos e-mails ainda são enviados usando o identificador do país africano;
  • O problema foi identificado pela primeira vez pelo empresário holandês Johannes Zuurbier, que possui um contrato para administrar o domínio de Mali.

Leia mais:

Qual o conteúdo dos e-mails enviados?

  • De acordo com Zuurbier, grande parte dos e-mails é spam, no entanto, alguns contém dados altamente confidenciais sobre o serviço militar dos EUA, contratados e suas famílias;
  • Além disso, o Financial Times revela que as mensagens incluem: dados médicos, informações de documentos de identidade, listas de tripulantes de navios, listas de pessoal em bases, mapas de instalações, fotos de bases, relatórios de inspeção naval, contratos, queixas criminais contra pessoal, investigações, viagens oficiais, itinerário, reservas e registros financeiros.

Empresário tenta contato com autoridades norte-americanas

  • Zuurbier tem um contrato para receber os e-mails do domínio maliniano (.ml) desde 2013, e tem se esforçado para contatar autoridades dos EUA desde 2014, quando buscou por apoio de diplomatas holandeses — mas não funcionou;
  • No início desse ano, Zuurbier começou a coletar os e-mails incorretos novamente para alertar o Pentágono. Conforme relatou o Financial Times na última segunda-feira (17), o empresário armazenou mais de 117.000 e-mails que pertencem às autoridades norte-americanas;
  • O grande problema para a Casa Branca é que, a partir da próxima segunda-feira (24), o contrato que dá o controle do domínio “.ml” a Zuurbier se encerrará. Então, o governo de Mali voltará a ter acesso ao domínio.
  • Tim Gorman, porta-voz do Pentágono, disse que o Departamento de Defesa dos EUA está ciente do problema e “leva a sério todas as divulgações não autorizadas de informações controladas de segurança nacional ou informações controladas não classificadas”.

Com informações de Financial Times.

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Jornalista em formação pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Mesmo com alguns assuntos negativos, gosta ficar atualizado e noticiar sobre diferentes temas da tecnologia.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.