Este mês, a prefeitura de Roma, na Itália, reabriu ao público a área sacra do Largo Argentina, praça onde o ditador Júlio César foi morto há 2067 anos. O local, que é um dos sítios arqueológicos mais importantes do país, passou por uma extensa obra de recuperação.

Com a reforma, financiada pela casa de moda de luxo italiana Bulgari, uma longa passarela, uma plataforma elevatória de cabine aberta, painéis informativos em italiano e inglês e dois espaços expositivos agora são disponibilizados ao público para contemplar os esplendores.

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Assim, é possível ver de perto todas as fases da história da cidade, desde a República, passando pelos períodos imperiais e medievais, até a redescoberta no século passado com as demolições das décadas de 1920.

Além das atrações em fotografias, dois grandes painéis táteis e duas exibições digitalizadas em 3D foram criados para atender aos visitantes com deficiência visual.

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Com a instalação da passarela, o público pode agora contemplar os quatro templos que datam do século 4 ao 1 a.C. Crédito: Divulgação/Bulgari

Detalhes sobre a praça onde Júlio César foi assassinado em Roma

Em 15 de março de 44 a.C., o líder militar e ditador romano Júlio César foi assassinado por 60 membros do Senado, segundo os quais ele governava de forma autocrática e autoritária. O episódio marcou o fim da República e começo do Império.

Durante esse atentado, Júlio César viu que Brutus, seu filho adotivo, era um dos que comandavam o movimento. Foi nessa ocasião que ele teria proferido a famosa frase “tu quoque, Brute, fili mi?” (até tu, Brutus, meu filho?), que se tornou expressão símbolo de momentos em que a confiança depositada é traída.

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Complexo ganhou painéis informativos que garantem acessibilidade. Crédito: Divulgação/Bulgari

Entre 1926 e 1929, as obras de demolição no distrito entre a Via del Teatro Argentina, Via Flórida, Via S. Nicola de ‘Cesarini e Corso Vittorio Emanuele II para a construção de novos edifícios revelaram uma vasta praça pavimentada – cenário onde o crime ocorreu.

Na praça, havia quatro templos, referidos pelas primeiras quatro letras do alfabeto:

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  • Templo C (início do século 3 a.C.), provavelmente dedicado a Feronia;
  • Templo A (meados do século 3 a.C.) em homenagem a Juturna;
  • Templo D (início do século 2 a.C.), dedicado às Ninfas ou Lari Permarini;
  • Templo B (final do século 2 a.C.), dedicado a Fortuna Huiusce Diei.

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Foi no Portici di Pompeo, adjacente à área sagrada, que aconteceu o assassinato de Júlio César, mais precisamente em sua Cúria (da qual ainda é visível a base do tufo atrás dos templos B e C). A título de comparação, uma Cúria é para a Igreja assim como a prefeitura é para a cidade.

O incêndio de 80 d.C. que devastou grande parte do Campus Martius levou a uma profunda transformação da área sob comando do imperador Domiciano, com a construção de um novo pavimento em laje de travertino, ainda visível atualmente, e a reconstrução dos alçados do templo.

Foi no século 5 que se iniciaram o abandono e a transformação dos edifícios. Acredita-se que a área tenha sido ocupada por um complexo monástico. Mais tarde, entre os séculos 8 e 9, foram construídas estruturas possivelmente pertencentes a casas aristocráticas.

Data do século 9 também a primeira evidência do estabelecimento de uma igreja dentro do Templo A, que em 1132 foi dedicada a São Nicolau, inicialmente chamada de’ Calcarario e depois de’ Cesarini.

“Estamos orgulhosos de ter contribuído para um projeto que aproxima este lugar de nossos olhos, historicamente o mais antigo, mas o mais recente a ser descoberto. A abertura nos permite apreciar sua beleza e história e descobrir seus detalhes. A área sagrada está finalmente de volta ao centro da vida cultural de Roma, como era há séculos, na era republicana”, explicou Jean-Christophe Babin, CEO da Bulgari.

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